Rússia suspende exportação de grãos da Ucrânia após acusar Reino Unido de ajudar em ataque
Essa é a primeira vez que Putin acusa um país da Otan de ajudar Zelensky em uma ofensiva; decisão russa acende alerta para insegurança alimentar
A Rússia suspendeu a sua participação no acordo de exportação de grãos da Ucrânia, mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), neste sábado, 29, após acusar o Reino Unido – essa é a pela primeira vez que eles acusam um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – de realizar um ataque contra a base do Mar Negro. “Considerando a ação terrorista do regime de Kiev com a participação de especialistas britânicos contra a frota do Mar Negro e contra navios civis que fornecem segurança aos corredores de grãos, a Rússia suspende sua participação na implementação do acordo de exportação de produtos agrícolas dos portos ucranianos”, disse o Ministério da Defesa russo no Telegram. Sob o acordo, Ucrânia conseguiu reiniciar suas exportações de grãos e fertilizantes do Mar Negro, que haviam cessado quando a Rússia invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro. O acerto inicialmente duraria 120 dias – ele foi firmado em 22 de julho. Separadamente, o ministro da Agricultura russo, Dmitry Patrushev, disse que a Rússia está pronta para fornecer até 500 mil toneladas de grãos para países pobres nos próximos quatro meses gratuitamente, com assistência da Turquia. “Levando em conta a colheita deste ano, a Federação Russa está totalmente preparada para substituir os grãos ucranianos e entregar suprimentos a preços acessíveis a todos os países interessados”, disse.
O Ministério da Defesa da Rússia acredita que o Reino Unido ajudou a Ucrânia a fazer o maior ataque conta a base da Frota do Mar Negro. “Representantes de uma unidade da Marinha britânica participaram do planejamento, fornecimento e execução do ato terrorista no Mar Báltico em 26 de setembro para danificar os gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2”, disse o Ministério da Defesa russo no Telegram. “A preparação deste ato terrorista e o treinamento dos militares do 73º centro de operações marítimas especiais da Ucrânia foram realizados por especialistas britânicos”, disse, acrescentando que um de seus navios, o “Ivan Golubets”, registrou “danos menores”. Este ataque de drones às instalações da frota russa do Mar Negro na Crimeia, uma península anexada à Rússia, foi o “mais maciço” do conflito na Ucrânia, disse o governador pró-Rússia da cidade de Sebastopol, Mikhail Razvojayev. “Foi o ataque mais maciço de drones e veículos de superfície pilotados remotamente nas águas da baía de Sebastopol na história do conflito”, afirmou Razvojayev, segundo a agência TASS. A Rússia disse que seus navios alvos do ataque estavam envolvidos em um acordo mediado pela ONU para permitir a exportação de grãos ucranianos. “Cabe destacar que os navios da frota do Mar Negro que foram atacados por terroristas estão envolvidos em garantir a segurança do ‘corredor de grãos’ como parte de uma iniciativa internacional para exportar produtos agrícolas dos portos ucranianos”, disse o ministério russo da Defesa.
A Defesa britânica denunciou no Twitter “falsas alegações” russas para “desviar a atenção”. A Rússia reclamou repetidamente que não foi incluída na investigação internacional sobre os vazamentos do Nord Stream que se seguiram à suposta sabotagem. A Justiça sueca anunciou na sexta-feira, 28, a intenção de realizar uma nova inspeção dos gasodutos, assim como o consórcio Nord Stream, que enviou um navio civil sob bandeira russa. Em 26 de setembro, quatro grandes vazamentos foram detectados nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 na ilha dinamarquesa de Bornholm, dois na zona econômica sueca e dois na zona econômica dinamarquesa. As inspeções submarinas preliminares reforçaram as suspeitas de sabotagem, pois os vazamentos foram precedidos por explosões. Desde o conflito na Ucrânia, os dois gasodutos, que ligam a Rússia à Alemanha, estão no centro de tensões geopolíticas, alimentadas pela decisão de Moscou de cortar o fornecimento de gás para a Europa em suposta retaliação às sanções ocidentais.
*Com informações da AFP e Reuters
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