Secretário da ONU alerta que a ‘família global’ é disfuncional e aponta desgaste na confiança entre potências

Um dia antes do início da cúpula do G20, Antonio Guterres avaliou que aumento das divisões entre principais economias do mundo representa risco global 

  • Por Jovem Pan
  • 08/09/2023 12h58 - Atualizado em 08/09/2023 13h26
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Arun SANKAR / AFP Antonio Guterres Secretário da ONU também afirmou que arquitetura financeira global está desatualizada, é disfuncional e injusta

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, alertou nesta sexta-feira, 8, que o mundo enfrenta riscos de conflito à medida que as divisões aumentam entre os países, antes da cúpula do G20, na Índia. “Se somos realmente uma família global, hoje parecemos uma família bastante disfuncional”, disse Guterres em coletiva de imprensa na capital indiana, onde o grupo das 20 principais economias se reunirá no final de semana. “As divisões estão crescendo, as tensões estão surgindo e a confiança está se desgastando, o que em conjunto levanta o espectro da fragmentação e, em última instância, do confronto”, alertou. O diplomata português afirmou que o mundo enfrenta uma transição difícil e que as instituições de governança global estão defasadas para enfrentar a nova realidade. “A arquitetura financeira global está desatualizada, é disfuncional e injusta. Requer reformas estruturais profundas e o mesmo pode ser dito do Conselho de Segurança da ONU”, acrescentou Guterres.

Diversos líderes do G20 chegaram nesta sexta-feira, 8, a Nova Délhi para participar de uma reunião de cúpula em que a Índia tentará iniciar um diálogo sobre a Ucrânia e a mudança climática, apesar das ausências de Vladimir Putin e Xi Jinping. Os governantes estão divididos sobre temas cruciais, como a invasão russa da Ucrânia, a meta de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis e a reestruturação da dívida mundial, o que dificulta a publicação de uma declaração final no domingo, 10. O governo dos Estados Unidos tenta fortalecer os vínculos com a Índia, em meio a uma disputa com a China, enquanto Nova Délhi busca consolidar sua liderança internacional. E tudo isso apesar das divergências sobre a Rússia pela recusa da Índia a participar das sanções impostas contra Moscou pela invasão da Ucrânia, assim como sobre os direitos humanos.

Além disso, vários países em desenvolvimento do grupo estão mais preocupados com os preços dos grãos do que com as condenações diplomáticas a Moscou. Os esforços do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para que os líderes do G20 evitem as divisões e abordem os problemas mundiais cruciais, em particular a reestruturação da dívida mundial e a volatilidade dos preços das commodities após a invasão da Ucrânia, não apresentaram resultados nas reuniões ministeriais anteriores ao encontro de cúpula. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou nesta sexta-feira à imprensa que é “francamente escandaloso que a Rússia, depois de acabar com a iniciativa de grãos no Mar Negro, bloqueie e ataque os portos ucranianos”. Modi também reafirmou, na quinta-feira, o desejo de expandir o G20 com “a inclusão da União Africana como membro permanente”. O chefe de Governo indiano também pediu aos líderes do G20 que apoiem “financeira e tecnologicamente os países em desenvolvimento na luta contra a mudança climática”.

*Com informações da agência AFP

 

 

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