Tensão entre EUA e Rússia aumenta após derrubada de drone, e Ucrânia fala em ‘expansão do conflito’
Embaixador russo em Washington pediu para norte-americanos pararem de fazer voos ‘hostis’, e afirmou que avião não tripulado ‘abatido’ estava avançando em direção a fronteira do país governado por Putin
A queda do avião não tripulado MQ-9 Reapers dos Estados Unidos no Mar Negro, que foi derrubado pelas forças russas, segundo Washington, aumentou a tensão entre os dois países, que piorou após a invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022. Os russos negaram que foram o responsável pela queda do drone e pediu que os EUA interrompam os voos “hostis”. “Nós presumimos que os Estados Unidos se abstenham de mais especulações na mídia e interrompam os voos perto das fronteiras russas”, escreveu Anatoli Antonov, embaixador da Rússia nos Estados Unidos, em um comunicado divulgado no Telegram. “Nós consideramos qualquer ação com o uso de armamento dos Estados Unidos como abertamente hostil”, acrescentou. As forças dos Estados Unidos utilizam o drone MQ-9 Reapers tanto para ações de vigilância como para ataques. O modelo opera há muito tempo no Mar Negro para examinar a presença das forças navais russas. Esse equipamento pode ser armados com mísseis Hellfire, assim como com bombas guiadas por laser, e podem voar mais de 1.770 quilômetros em altitudes de até 15 mil metros, de acordo com a Força Aérea americana.
Na terça-feira, 14, quando o incidente aconteceu, os EUA qualificaram a colisão como “imprudente, insegura e pouco profissional”. “Trata-se de um ato perigoso e não profissional da parte dos russos”, afirmou o porta-voz do Pentágono, o general Pat Ryder. O ministério russo da Defesa informou que seus aviões decolaram após a detecção de um avião não tripulado americano sobre o Mar Negro, mas negou qualquer responsabilidade na queda do drone. Moscou afirma que o MQ-9 entrou em uma trajetória sem controle após uma manobra repentina e que os caças russos “não tiveram contato” com o dispositivo americano e não utilizaram armas durante o incidente. O Kremlin alega que o acidente aconteceu “na zona da península da Crimeia”. De acordo com Moscou, o drone avançava “na direção” da fronteira russa. O drone estava em uma missão de rotina quando foi interceptado “de forma temerária”, segundo o Pentágono. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou a recusa da Rússia a assumir a responsabilidade pelo acidente. Ele acrescentou que o país está tentando recuperar as peças dos drones. “Obviamente não queremos ver ninguém com as mãos no aparelho, além de nós. Tomamos medidas para proteger nossos interesses”, afirmou.
A Ucrânia também se pronunciou sobre o ocorrido e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de querer “expandir” o conflito após o incidente. “O incidente com o drone americano MQ-9 Reaper provocado pela Rússia no Mar Negro é um sinal de Putin de que está disposto a expandir a zona de conflito e envolver outras partes”, afirmou no Twitter o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksii Danilov. A Rússia negou, falando que “os caças russos não utilizaram armamento” e não entraram sequer em contato com o drone, que havia violado a zona provisória de uso do espaço aéreo “estabelecida para a realização da operação militar especial”, afirmou o exército russo. Kirby afirmou que as interceptações por parte da Rússia no Mar Negro são habituais, mas que esta foi “pouco segura e pouco profissional”. Vários diplomatas da Otan confirmaram o incidente, mas destacaram que não esperam uma escalada do confronto. A ofensiva da Rússia na Ucrânia aumenta o temor de um confronto direto entre Moscou e Otan, organização cujos países membros fornecem armas a Kiev.
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