Tensão entre EUA e Rússia aumenta após derrubada de drone, e Ucrânia fala em ‘expansão do conflito’

Embaixador russo em Washington pediu para norte-americanos pararem de fazer voos ‘hostis’, e afirmou que avião não tripulado ‘abatido’ estava avançando em direção a fronteira do país governado por Putin

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2023 11h20 - Atualizado em 15/03/2023 11h51
DVIDS / AFP drone americano derrubado Rússia nega ter provocado queda de drone americano no Mar Negro

A queda do avião não tripulado MQ-9 Reapers dos Estados Unidos no Mar Negro, que foi derrubado pelas forças russas, segundo Washington, aumentou a tensão entre os dois países, que piorou após a invasão da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022. Os russos negaram que foram o responsável pela queda do drone e pediu que os EUA interrompam os voos “hostis”. “Nós presumimos que os Estados Unidos se abstenham de mais especulações na mídia e interrompam os voos perto das fronteiras russas”, escreveu Anatoli Antonov, embaixador da Rússia nos Estados Unidos, em um comunicado divulgado no Telegram. “Nós consideramos qualquer ação com o uso de armamento dos Estados Unidos como abertamente hostil”, acrescentou. As forças dos Estados Unidos utilizam o drone MQ-9 Reapers tanto para ações de vigilância como para ataques. O modelo opera há muito tempo no Mar Negro para examinar a presença das forças navais russas. Esse equipamento pode ser armados com mísseis Hellfire, assim como com bombas guiadas por laser, e podem voar mais de 1.770 quilômetros em altitudes de até 15 mil metros, de acordo com a Força Aérea americana.

Na terça-feira, 14, quando o incidente aconteceu, os EUA qualificaram a colisão como “imprudente, insegura e pouco profissional”. “Trata-se de um ato perigoso e não profissional da parte dos russos”, afirmou o porta-voz do Pentágono, o general Pat Ryder. O ministério russo da Defesa informou que seus aviões decolaram após a detecção de um avião não tripulado americano sobre o Mar Negro, mas negou qualquer responsabilidade na queda do drone. Moscou afirma que o MQ-9 entrou em uma trajetória sem controle após uma manobra repentina e que os caças russos “não tiveram contato” com o dispositivo americano e não utilizaram armas durante o incidente. O Kremlin alega que o acidente aconteceu “na zona da península da Crimeia”. De acordo com Moscou, o drone avançava “na direção” da fronteira russa. O drone estava em uma missão de rotina quando foi interceptado “de forma temerária”, segundo o Pentágono. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, criticou a recusa da Rússia a assumir a responsabilidade pelo acidente. Ele acrescentou que o país está tentando recuperar as peças dos drones. “Obviamente não queremos ver ninguém com as mãos no aparelho, além de nós. Tomamos medidas para proteger nossos interesses”, afirmou.

drone dos eua

A Ucrânia também se pronunciou sobre o ocorrido e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de querer “expandir” o conflito após o incidente. “O incidente com o drone americano MQ-9 Reaper provocado pela Rússia no Mar Negro é um sinal de Putin de que está disposto a expandir a zona de conflito e envolver outras partes”, afirmou no Twitter o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksii Danilov. A Rússia negou, falando que “os caças russos não utilizaram armamento” e não entraram sequer em contato com o drone, que havia violado a zona provisória de uso do espaço aéreo “estabelecida para a realização da operação militar especial”, afirmou o exército russo. Kirby afirmou que as interceptações por parte da Rússia no Mar Negro são habituais, mas que esta foi “pouco segura e pouco profissional”. Vários diplomatas da Otan confirmaram o incidente, mas destacaram que não esperam uma escalada do confronto. A ofensiva da Rússia na Ucrânia aumenta o temor de um confronto direto entre Moscou e Otan, organização cujos países membros fornecem armas a Kiev.

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