UE detalha como protegerá agricultores europeus no acordo com o Mercosul

No ano passado, os blocos econômicos concordaram em criar a maior zona de livre comércio do mundo, e Bruxelas iniciou o processo de ratificação do tratado entre os países membros em setembro

  • Por Jovem Pan
  • 08/10/2025 10h11
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Isac Nóbrega/PR Mercosul Bandeiras Bandeiras dos países-membros do Mercosul

A União Europeia (UE) tentou, nesta quarta-feira (8), acalmar as preocupações dos agricultores europeus sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul, oferecendo-se para investigar o impacto negativo das importações e remediá-lo, se necessário. No ano passado, a UE e o Mercosul concordaram em criar a maior zona de livre comércio do mundo, com uma população combinada de cerca de 700 milhões de habitantes, e Bruxelas iniciou o processo de ratificação do tratado entre os países membros em setembro.

A Comissão Europeia também prometeu medidas de salvaguarda “robustas” para os agricultores europeus, na tentativa de obter o sinal verde da França, principal oponente do tratado. A França reitera há anos sua oposição ao projeto do acordo por considerá-lo uma ameaça à sua produção de carne bovina, aves, açúcar e biocombustíveis, além de solicitar medidas de proteção adicionais.

A Comissão Europeia espera a ratificação do acordo entre a UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai antes do final de 2025, durante a presidência brasileira do Mercosul. O acordo com o Mercosul conta com muitos apoiadores na Europa, como a Alemanha, que busca novos mercados para suas empresas, especialmente desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca e sua imposição de tarifas.

As medidas anunciadas pela UE nesta quarta-feira incluem “vigilância reforçada” de produtos sensíveis, como carne bovina, frango, arroz, mel, ovos, alho e açúcar, afirmou. A Comissão anunciou que enviará avaliações sobre o impacto das importações desses produtos do Mercosul ao Parlamento Europeu e aos Estados-membros a cada seis meses. Acrescentou que iniciará investigações se os preços das importações do Mercosul forem pelo menos 10% inferiores aos de produtos idênticos da UE e se o volume de importações com isenção de impostos aumentar em mais de 10%.

Qualquer investigação será concluída em um prazo máximo de quatro meses e, se for detectado qualquer “dano grave” causado pelas importações, a UE poderá restabelecer as tarifas sobre os produtos afetados. A Comissão acrescentou que, se um Estado-membro solicitar uma investigação e houver “motivos suficientes” para realizá-la, ela o fará “em um prazo máximo de 21 dias”.

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“A Comissão estará pronta para agir rápida e decisivamente, se necessário, para proteger os interesses do nosso setor agroalimentar”, afirmou o comissário de agricultura da UE, Christophe Hansen, em um comunicado. Segundo Bruxelas, o acordo com o Mercosul permitiria aos exportadores europeus economizar mais de 4 bilhões de euros (R$ 25 bilhões na cotação atual) em tarifas por ano na América Latina.

TOPSHOT - Chefe do principal sindicato de agricultores da França, FNSEA (Federation Nationale des syndicats d'exploitants agricoles), Arnaud Rousseau (4ºR), fala com agricultores e ativistas da FNSEA durante um protesto contra a concorrência desleal e o acordo de livre comércio do Mercosul, na Place d'Armes no Chateau de Versailles em Versalhes, em 26 de setembro de 2025. (Foto de GEOFFROY VAN DER HASSELT/AFP)

Agricultores e ativistas da FNSEA durante um protesto contra a concorrência desleal e o acordo de livre comércio do Mercosul, na Place d’Armes no Chateau de Versailles em Versalhes, em 26 de setembro de 2025

*Com informações da AFP 

 

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