Venezuela detona relatório de missão da ONU: ‘Propaganda de guerra’

A ONU encarregou de investigar a situação dos direitos humanos no país e concluiu que Maduro e os ministros de Interior e Defesa estão envolvidos em graves crimes cometidos pelas forças de segurança do país

  • Por Jovem Pan
  • 19/09/2020 18h23
EFE/ Rayner Peña Nicolás Maduro é o presidente da Venezuela Nicolás Maduro é o presidente da Venezuela

O governo da Venezuela classificou neste sábado como “monumento à propaganda de guerra” o relatório da missão internacional da ONU, segundo o qual o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e outras autoridades do país cometeram crimes contra a humanidade. “É algo insólito, irresponsável, uma fraude. É, absolutamente, um monumento à propaganda de guerra”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, sobre a elaboração do relatório que, segundo denunciou, foi escrito sem que os membros do grupo encarregado fossem à Venezuela. A missão internacional que a ONU encarregou de investigar a situação dos direitos humanos na Venezuela concluiu que Maduro e os ministros de Interior e Defesa estão envolvidos em graves crimes cometidos pelas forças de segurança do país.

O relatório oferece ampla informação “que demonstra que as autoridades do Estado – tanto em nível presidencial como ministerial – exerciam poder e supervisão sobrea as forças de segurança civis e militares e as agências identificadas como autoras das violações e crimes documentados. “A missão tem bases razoáveis para acresitar que tanto o presidente como os ministros do Interior (Néstor Reverol) e da Defesa (Vladimir Padrino) contribuíram para a comissão dos crimes documentados neste relatório”, destacam as conclusões da investigação.

“OPERAÇÃO MERCENÁRIA JURÍDICA”.

Arreaza comparou a elaboração do relatório com a chamada Operação Gedeón, uma fracassada tentativa de invasão que contou com a participação de ex-militares e ex-policiais venezuelanos com contratistas venezuelanos, ao considerá-lo “uma operação mercenária jurídica”. Na opinião do chanceler venezuelano, o relatório mostra que “estão fazendo política com os direitos humanos, e não política para os direitos humanos”. O ministro relacionou a divulgação do relatório, na quarta-feira passada, à viagem do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, por países na fronteira com a Venezuela – incluindo o Brasil -, com os quais tem abordado a situação no país, e disse ver as visitas como um ato de campanha para as eleições presidenciais.

De acordo com Arreaza, o relatório “desprestigia as Nações Unidas”. O ministro venezuelano afirmou que os governos que dizem que “a Venezuela tem que ser levada a sério” no documento “caíram em uma cilada dessa operação mercenária”. Arreaza acrescentou que o relatório desconhece que a Venezuela desistiu de fazer parte da Organização dos Estados Americanos (OEA) e criticou a menção a um “governo interino”, em clara referência ao líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país. “Qual governo interino?”, questionou Arreaza, ao destacar que a ONU reconhece Maduro como presidente.

O chanceler também negou maus tratos e torturas ao líder opositor Leopoldo López e ao deputado Juan Requesens durante o tempo na prisão e mostrou fotos, vídeos e áudios que, segundo ele, negam a situação. Além disso, negou que as forças policiais tenham usado armas letais nas manifestações da oposição, classificando o relatório como “um monumento à pirataria jurídica”.

*Com informações da Agência EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.