Nada aponta para saída da crise no Brasil, que já expõe “sinais” de perturbação social, avalia Rubens Ricupero

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2015 15h22
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 23-05-2011, 14h50: Da esq. para a dir., Rubens Ricupero, Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Marina Silva e Carlos Minc durante entrevista na Câmara dos Deputados. Dez ex-ministros do Meio Ambiente se uniram nesta segunda-feira contra o texto da reforma do Código Florestal que deve ser votado amanhã (24) pela Câmara. Em carta aberta à presidente Dilma Rousseff e ao Congresso, o grupo diz que a proposta a ser analisada significa um retrocesso na política ambiental brasileira, que foi "pioneira" na criação de leis de conservação e proteção de recursos naturais. Assinaram o texto: Marina Silva (PV), Carlos Minc (PT), Sarney Filho (PV), Rubens Ricupero (sem partido), José Carlos Carvalho (sem partido), Fernando Coutinho Jorge (PMDB), Paulo Nogueira Neto (sem partido), Henrique Brandão Cavalcanti (sem partido), Gustavo Krause (DEM), José Goldemberg (PMDB). (Foto: Marcelo Camargo/Folhapress, 5163, PODER) Marcelo Camargo/Folhapress Ex-ministro da Fazenda

O ex-ministro e ex-embaixador Rubens Ricupero avalia que “já começam sinais” de uma possível perturbação social no Brasil. Ele cita a grave crise econômica e política e não vê nada que aponte para uma saída.

A divulgação do PIB nesta terça leva à preocupação de uma depressão, mais grave do que a recessão. Seria um período muito prolongado de queda devido ao desabamento de investimento e do consumo das famílias. “É a primeira vez em muitos anos que estamos com esse fantasma”, diz.

Mais pessoas poderiam ficar desempregadas (Ricupero prevê mais 3 milhões de desocupados, somando 10% no total no primeiro trimestre de 2016). “No início isso não se sente, depois de uns cinco a seis meses se percebe porque as pessoas ficam sem renda”, explica o ex-ministro da Fazenda.

Questionado se há perigo de uma “perturbação social”, Ricupero aponta, entre os “sinais”, o “desassossego e frequência crescente de manifestações” e a “incapacidade das autoridades em impor um mínimo de ordem nas manifestações”.

“A situação psicológicoa às vezes é até pior que a realidade. Essa crise não é uma coisa habitual”, disse, ressaltando que “ano que vem pode ser algo muito mais sério”.

Soluções políticas?

Ricupero afirmou ainda que não acredita que a presidente Dilma Rousseff termine seu mandato, previsto para findar em 2018. “Acho que até lá (ela) não chega. Teria que se supor que a situação permaneceria a mesma ou melhor”. Algo que o embaixador não vislumbra.

“Se fosse regime parlamentarista, o gabinete teria caído”, acrescentou ainda, citando Angela Merkel. “Num regime parlamentar, a renúncia ou a queda de um governo é uma solução, não um problema”.

“Ninguém sabe”

Ricupero, por fim, resume a situação classificando-a como “grave, incerta e imprevisível”. “Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã, segunda, terça”, diz.

Ele não vê, “nem do governo nem da oposição”, nenhuma proposta muito clara da saída da crise. Ricupero acredita que todos estão “esperando que os acontecimentos apontem uma saída da crise”.

“Mas isso fica perigoso”, alerta, porque acontecimentos não teriam direção.

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