Netanyahu enfrenta difícil dilema de como responder assassinato de jovens

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2014 12h16
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Elías L. Benarroch.

Jerusalém, 1 jul (EFE).- Pressionado pelo ala direitista de seu governo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enfrenta o difícil dilema de como responder ao assassinato de três adolescentes judeus sequestrados em 12 de junho sem provocar um conflito armado de proporções incontroláveis.

As opções que o conselho de ministros para assuntos de Segurança estudam oscilam desde ações menores de punição até uma nova ofensiva contra a Faixa de Gaza, onde está a liderança do movimento Hamas, que Israel responsabiliza pelo crime.

“A pergunta que analisaram os ministros não é se haverá (resposta), mas quanta (resposta); não se Israel responderá, mas com quanta intensidade”, afirmou hoje Yoav Limor, comentarista de assuntos militares do jornal “Israel Hayom”.

Netanyahu se reuniu pela primeira vez com os membros do chamado “gabinete de segurança” na madrugada passada, horas após ser anunciado o fatal desenlace do sequestro de Eyal Yifrach, de 19 anos, e Gilad Shaer e Naftali Frenkel, ambos de 16.

Hoje, após os funerais, os ministros mais destacados do governo israelense voltarão a se reunir em Jerusalém, embora é difícil que tenham chegado a uma conclusão comum pois suas divergências são notórias.

Na primeira reunião surgiram profundas diferenças entre os ministros mais radicais, liderados pelo de Economia e líder do partido Lar Judeu, Naftali Bennett, e os mais moderados como a de Justiça, Tzipi Livni, e de Finanças, Yair Lapid.

Os primeiros exigem mão pesada contra o Hamas independente das consequências, e os segundos uma “resposta ponderada” e que leve em conta a instabilidade regional.

No olho do furacão, está Netanyahu, conhecido por suas hesitações nos momentos mais críticos e que, curiosamente, é ao mesmo tempo o primeiro-ministro israelense menos beligerante, se for levado em conta um levantamento das operações militares lançadas por cada um deles desde 1948.

“O dilema está sobre a mesa. Os ministros devem chegar a uma decisão que responda aos diferentes interesses e, às vezes, contraditórios de Israel”, escreveu hoje o veterano comentarista do jornal “Yedioth Ahronoth” Nahum Barnea.

Em um artigo no qual pediu ao governo que não atuasse visceralmente, Barnea ao mesmo tempo sustentou que “é necessário bater no Hamas” porque isto é bom para “a capacidade de dissuasão” de Israel e para “o futuro das relações com a Autoridade Nacional Palestina (ANP)”.

A ANP está à espera de uma reunião hoje da liderança palestina para decidir seus próximos passos, que incluem possíveis sanções ao Hamas e a ruptura do pacto de reconciliação alcançado em abril, caso Israel demonstra que o movimento está por trás do sequestro, segundo disse há dias o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

Barnea propôs uma resposta “com inteligência, quase com bisturi”, porque “medidas coletivas (de castigo) podem empurrar a população da Cisjordânia para os braços do Hamas”.

Os altos comandantes israelenses, geralmente muito mais moderados que os políticos nacionalistas e que no passado frearam operações que achavam pouco convenientes, mostram-se desta vez também muito contidos.

Suas propostas de resposta feitas na madrugada passada aos membros do governo causaram a indignação de Bennett e de seus seguidores, que as consideraram fracas demais.

O político, defensor da colonização judaica da Cisjordânia, considerou insuficiente a proposta do comando militar de bombardear “posições vazias” do movimento islamita, revelou o “Yedioth Ahronoth”.

“Estamos preparando um plano operacional para Gaza. O objetivo é evitar qualquer escalada de violência e atuar de maneira responsável. Mas se o Hamas seguir rumo ao confronto, também iremos”, afirmou uma fonte militar sobre a reunião.

Em uma linha mais moderada se manteve também, de forma um tanto surpreendente, o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, que horas antes dos corpos serem encontrados reconheceu que o Hamas “não está interessado em uma escalada da violência neste momento”.

Em Gaza, o porta-voz da organização, Sami Abu Zuhri, duvidou da versão de Israel sobre a responsabilidade do grupo e afirmou que se o país adotar uma postura de guerra, as “portas da inferno serão abertas”.

Israel é consciente de que, em caso de um novo confronto, suas cidades se veriam atingidas por uma chuva de foguetes, em um momento em que milhares de crianças em férias circulam por suas ruas.

Em sua decisão, Netanyahu deverá levar em conta também a conjuntura internacional, sobretudo se conta com o apoio de seu principal aliado, os Estados Unidos, que tradicionalmente bloqueia qualquer iniciativa de punição. EFE

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