Nyussi é o rosto novo para manter hegemonia do partido que governa Moçambique
Desirée García.
Nairóbi, 14 out (EFE).- O ministro da Defesa de Moçambique e candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Filipe Nyussi, luta nas eleições presidenciais de quarta-feira para preservar a hegemonia do partido que governa esta ex-colônia portuguesa há 20 anos.
Nyussi, rosto da nova geração do Frelimo, mas fiel ao atual presidente de Moçambique, Amando Gubuza, disputará com veteranos como o ex-líder rebelde da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, e dirigentes emergentes como Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Nascido em 1959 em Cabo Delgado, a província mais ao norte do país, considerada berço da Revolução moçambicana, estudou Engenharia Mecânica na antiga Tchecoslováquia, pouco antes da queda do bloco soviético.
O candidato do Frelimo começou sua carreira profissional na companhia ferroviária estatal de Moçambique, e galgou postos de direção antes de ser nomeado ministro da Defesa em 2008, no primeiro governo de Guebuza.
Em setembro de 2012 o ministro passou a fazer parte do Comitê Central do Frelimo, o mesmo órgão que o elegeu candidato do partido para as eleições presidenciais.
Embora a Constituição moçambicana impeça que Guebuza, de 71 anos, concorra a um terceiro mandato, o atual chefe de Estado manterá a presidência da Frelimo, e com isso continuaria a exercer uma grande influência no governo.
Esse temor encorajou a formação de uma facção dentro do partido contrária à candidatura de Nyussi e favorável à ex-primeira-ministra Luisa Diogo, que contou com o apoio de Graça Machel, viúva do ex-presidente moçambicano Samora Machel e de Nelson Maldela.
Nyussi foi o mais votado no primeiro turno das internas do partido, com 46% dos votos, uma grande vantagem sobre Luisa e os outros candidatos, mas não o suficiente para evitar um segundo turno, quando finalmente ganhou com 68%.
A escolha de Nyussi marcou uma mudança geracional na liderança do Frelimo, já que é o primeiro de seus dirigentes que, por ter menos de 60 anos, não pôde participar da guerra da independência.
Mesmo assim ele é o que mantém o maior vínculo com a guerra de libertação, já que seus pais combateram em Cabo Delgado.
Nyussi é, além disso, o menos conhecido de todos, e por isso precisou redobrar os esforços para se tornar conhecido da população durante a campanha, na qual enfrenta dois adversários muito mais famosos: Dhlakama e Simango.
Para alcançá-lo, o candidato do Frelimo conta com o declarado apoio de Guebuza que, logo após a escolha de Nyussi, declarou: “Tínhamos que buscar a melhor opção e fizemos. Elegemos nosso candidato, o do Frelimo, que é o candidato de todos os moçambicanos”.
Seu mentor político se mostrou convencido durante a campanha que o afilhado “ganhará as eleições”, informou a Agência de Notícias de Moçambique.
Durante a campanha, Nyussi pediu o voto para continuar com o projeto do Frelimo, partido nascido há 52 anos como um Movimento de Libertação Nacional.
Em matéria econômica, prometeu avançar nos projetos de exploração de gás natural, de minerais e de petróleo, que recuperariam uma economia exaurida por décadas de conflito.
Se Nyussi quiser capitalizar o legado de um partido que escreveu a história recente de seu país, também deverá tentar romper com as críticas à corrupção dos líderes do partido e à ineficácia na luta contra a pobreza. EFE
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