ONU propõe novo processo de negociação para acabar com guerra na Síria

  • Por Agencia EFE
  • 29/07/2015 14h16

Nações Unidas, 29 jul (EFE).- A ONU propôs nesta quarta-feira um novo processo de negociação para acabar com a guerra na Síria sobre as bases do Comunicado de Genebra, o documento estipulado há três anos para impulsionar o fim das hostilidades e a transição política.

Após fazer várias consultas durante meses com as partes sírias, o mediador das Nações Unidas, Staffan de Mistura, quer convocar uma série de “discussões paralelas, simultâneas e temáticas” que, através de “grupos de trabalho” formados pelas distintas facções sírias, abordem os “aspectos-chave do Comunicado de Genebra”.

“Em meio a enormes diferenças, há pontos de consenso sobre os quais podemos construir um processo político crível”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao apresentar esta nova iniciativa ao Conselho de Segurança.

Segundo as Nações Unidas, o maior obstáculo para avançar continua sendo a formação de um Executivo de consenso que se encarregue de conduzir a transição, pois parte da oposição se nega a dialogar com o regime e o governo de Bashar al Assad insiste que essa fórmula seria “inconstitucional”.

“Apesar de serem difíceis, estes obstáculos e diferenças não são insolúveis”, garantiu Ban, que pediu aos membros do Conselho de Segurança pleno apoio para a iniciativa de De Mistura.

O enviado especial explicou que sua proposta se baseia na criação de grupos de negociação que permitam avançar em quatro áreas fundamentais: segurança e proteção, assuntos políticos e constitucionais, aspectos militares e a manutenção das instituições públicas.

De Mistura espera que um documento-base saia do trabalho desses grupos para a implementação do Comunicado de Genebra e que, eventualmente, possa haver “negociações formais” para pôr fim ao conflito.

Para canalizar o apoio internacional para esse processo, o enviado da ONU propôs a criação de um “grupo de contato”, do qual, por enquanto, não quis oferecer mais detalhes.

Ban, por sua vez, se mostrou preparado para convocar uma conferência internacional de alto nível para apoiar as recomendações e acordos que possam ser firmados entre as partes sírias.

Tanto De Mistura como o chefe da ONU advertiram que as possibilidades de sucesso de um processo deste tipo se reduzem a cada mês que passa, dado o grau de violência e destruição que se vive no país.

Os dois reiteraram que as partes sírias concordam com essa análise, sobretudo devido ao avanço de grupos como os jihadistas do Estado Islâmico (EI) e a Frente al Nusra.

“O temor de ver bandeiras negras tremulando sobre Damasco está levando algumas pessoas a reconsiderarem suas posições anteriores”, disse De Mistura em referência ao símbolo do EI.

Por outro lado, Ban afirmou que acredita que o impulso internacional dado pelo acordo nuclear com o Irã ajude o Conselho de Segurança a resolver suas diferenças para avançar na questão síria.

“Após mais de quatro anos de massacre, o conflito da Síria é um vergonhoso símbolo das divisões e do fracasso da comunidade internacional”, disse o secretário-geral ao Conselho. EFE

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