Papa leva mensagem de paz para a conflituosa península coreana
Atahualpa Amerise.
Seul, 14 ago (EFE).- O papa Francisco levou nesta quinta-feira uma mensagem a favor da paz e da reconciliação no dia de sua chegada a Seul, que marca o começo de uma visita a Coreia do Sul denegrida por um novo teste de mísseis da vizinha Coreia do Norte.
Em seu primeiro discurso oficial Jorge Mario Bergoglio confessou que lhe “preocupa especialmente” a busca da paz na península coreana, já que “afeta a estabilidade de toda a região e de todo o mundo, cansado de guerras”, disse.
“É preciso derrubar os muros da desconfiança e do ódio promovendo uma cultura de reconciliação e solidariedade”, sentenciou Francisco, se expressando em inglês em seu pronunciamento conjunto com a presidente sul-coreana, Park Geun-hye.
Ambos tiveram um diálogo monopolizado pelo conflito coreano, segundo disse à imprensa o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.
Park desejou que “a dor das Coreias possa ser curada com a visita” do papa, a quem pediu “guiar rumo à reconciliação” Norte e Sul, cujas relações permanecem seriamente deterioradas.
Poucas horas antes, a Coreia do Norte lançou ao mar cinco projéteis de curto alcance, em um ato que foi interpretado como uma resposta à visita do papa ao país vizinho já que é a primeira ação deste tipo em mais de duas semanas.
Lombardi reconheceu desconhecer se Francisco foi informado sobre o teste militar norte-coreano, embora tenha tentado minimizar sua importância ao afirmar que os lançamentos de mísseis do regime “não são uma coisa excepcional”.
Representantes católicos sul-coreanos convidaram semanas atrás seus colegas do Norte para tomar parte nas cerimônias da visita do pontífice, mas a oferta foi rejeitada.
A Coreia do Norte conta oficialmente com uma Igreja Católica e uma sede na capital, Pyongyang, mas ONGs, sacerdotes e especialistas asseguram que é uma montagem do regime para aparentar que garante a liberdade de culto.
Francisco, que permanecerá na Coreia do Sul até segunda-feira, recebeu uma recepção calorosa em sua chegada ao aeroporto de Seongam (ao sul de Seul) onde foi recebido pela presidente e membros de diferentes grupos, desde incapacitados até familiares de alguns dos 304 mortos no naufrágio do navio Sewol.
O Vaticano agradeceu que a chefe de Estado sul-coreana tenha ido receber seu colega na pista do aeroporto, um detalhe “incomum” nas palavras de Lombardi.
Na cerimônia de boas-vindas destacou a saudação de uma imigrante boliviana que transmitiu em espanhol ao papa o “enorme carinho” de sua comunidade, assim como as lágrimas da mãe de um dos adolescentes mortos no Sewol, a quem Francisco consolou.
Previamente, no avião o pontífice enviou mensagem ao presidente da China, Xi Jinping, ao sobrevoar pela primeira vez o território deste país, o que foi interpretado como um sinal de abrandamento nas tensas relações entre China e Vaticano.
Francisco terá amanhã um encontro com jovens do continente na 6ª Jornada da Juventude Asiática (JJA) e no sábado participará da cerimônia de beatificação de 124 mártires sul-coreanos na emblemática praça de Gwanghwamun da capital, que vai exigir o maior aparato de segurança da viagem.
A gigantesca operação policial da visita será condicionado pela habitual tendência à improvisação do papa, que além disso escolheu para seu percurso pelo país um modesto utilitário Kia Soul sem blindagem.
Espera-se que um milhão de pessoas se aproximem do centro de Seul para ver Francisco, cuja primeira visita à Coreia do Sul gerou uma forte expectativa em um país que não recebia um papa desde João Paulo II em 1989.
A Coreia do Sul é, depois das Filipinas, o país da Ásia no qual o catolicismo mais evoluiu com 5,4 milhões de fiéis, mais de 10% da população. EFE
aaf/ma
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