Parlasur expressa rejeição ao colonialismo britânico nas Malvinas

  • Por Agencia EFE
  • 10/11/2014 17h59

Montevidéu, 10 nov (EFE).- O parlamento do Mercosul (Parlasur) reafirmou nesta segunda-feira em uma sessão extraordinária sua rejeição ao controle britânico sobre as Malvinas e ressaltou que se trata de um conflito “colonial” de alcance “global” que ameaça a paz na região.

A recusa britânica a negociar sobre a soberania do arquipélago foi definida como uma “anacrônica” posição colonial, injustificável sob qualquer consideração, que se vê agravada pela “militarização” das ilhas e pela exploração “ilegítima” dos recursos pesqueiros e de hidrocarbonetos, de acordo com uma declaração aprovada por unanimidade.

A sessão contou com a presença de legisladores de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela que compõem o Parlasur, além do chanceler argentino, Héctor Timerman, e seu colega uruguaio, Luis Almagro.

“Permitam-me agradecer esta sessão de um tema de grande importância para meu país, no qual todos deixaram em evidência que esta é uma questão regional”, declarou Timerman perante os legisladores do Mercosul.

O chanceler argentino denunciou perante os presentes “os objetivos da ocupação” britânica das Malvinas, ou Falklands, como são conhecidas as ilhas em inglês, desde sua “usurpação” em 1833.

“O Reino Unido invadiu terra argentina com o motivo último de ter um território com vantagem estratégica, para ter controle dos passos interoceânicos.(…). E agora têm ali a maior base militar do mundo ao sul do paralelo 50, e vendem hidrocarbonetos e depredam o mar dando licenças de pesca. Uma diferente roupagem, mas o mesmo plano”, considerou Timerman.

Quase todos os oradores da jornada expressaram sua rejeição ao argumento da autodeterminação dos povos esgrimido pelo governo britânico e pelos moradores das Malvinas para justificar sua posição.

No ano passado os moradores das ilhas expressaram de forma arrasadora em um referendo seu desejo de continuar sendo súditos britânicos, decisão que foi considerada ilegítima pela Argentina.

Nesse sentido, Almagro ressaltou que existem vários documentos e resoluções internacionais que apontam que a autodeterminação só pode ser aplicada “a povos subjugados”, e que nas Malvinas só vivem hoje em dia “gente originária da colônia”, uma “população transplantada”.

“É uma população artificialmente mantida sob medida para manter a ocupação e conspirar contra os interesses argentinos”, acrescentou o chanceler argentino.

Em sua exposição, Timerman agradeceu o apoio unânime às teses de seu país brindado pelo Parlasur, um passo que entendeu como um ataque ao “colonialismo militar e econômico” que, segundo disse, segue querendo “impor na região” um “sistema de vida no qual nossos povos não poderão nunca desenvolver-se”.

A reivindicação argentina sobre as Malvinas se transformou em um aberto conflito bélico quando a junta militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983 ocupou pela força as ilhas em 2 de abril de 1982.

Na guerra, que terminou com a rendição da Argentina em 14 de junho daquele mesmo ano, morreram 649 argentinos, 255 britânicos e três ilhéus.

Nos anos 90 os dois países normalizaram suas relações por meio de negociações nas quais decidiram não tocar no tema da soberania, dado que o governo britânico se nega a tratá-lo. EFE

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