Pesquisadores acham molécula promissora para tratar insuficiência cardíaca
Rio de Janeiro, 1 jul (EFE).- Uma molécula sintética desenvolvida por pesquisasores do Brasil e dos Estados Unidos mostrou ser eficaz para o tratamento da insuficiência cardíaca em experimentos realizados em ratos de laboratório e começará a ser provada em humanos, informaram nesta terça-feira fontes científicas.
A molécula sintética é produto de um projeto de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e da brasileira Universidade de São Paulo (USP), informou hoje a Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), que financia parte do projeto.
A substância, denominada como Alda-1, é capaz de ativar a ALDH2, uma enzima no mitocôndrias que é essencial para o bom funcionamento de todas as células, incluindo as cardíacas.
“Esta enzima tem uma grande importância na célula já que ajuda a evitar a acumulação de moléculas tóxicas e altamente reativas produzidas pela própria célula”, explicou o pesquisador Julio Batista Ferreira, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e coordenador do projeto, citado em comunicado da Fapesp.
Segundo o especialista, “a deficiência da ALDH2 vem sendo cada vez mais associada a diferentes tipos de doenças”.
O experimento realizado na USP demonstrou que a Alda-1, por seu potencial para ativar a enzima ALDH2, foi capaz de elevar em 40% a capacidade de bombeamento de sangue do coração de ratos com insuficiência cardíaca e que, em consequência, pode ser uma aliada no tratamento deste problema.
Os pesquisadores amarraram uma das artérias coronárias dos ratos para induzir a insuficiência cardíaca. Sem a irrigação do sangue, 30% das células cardíacas morreram e o resto passou a trabalhar em duplo para compensar a lesão.
“Começamos a fornecer Alda-1 semanas depois do infarto induzido e quando os animais já tinham a função cardíaca prejudicada. Após seis semanas de tratamento, medimos um aumento de 40% no volume de sangue bombeado nos ratos tratados. Nos ratos aos quais foram fornecidas outras substâncias, a função cardíaca se reduziu ainda mais”, disse Ferreira.
Esses resultados foram destacados em artigo publicado na edição de junho da revista científica internacional “Cardiovascular Research”.
Estudos anteriores realizados por Ferreira na Universidade de Standford já tinham mostrado que o Alda-1 tem potencial para proteger o coração após um infarto.
Os pesquisadores igualmente descobriram que os pacientes com insuficiência cardíaca, pela falta de atividade do ALDH2, têm três vezes mais moléculas tóxicas circulando.
Segundo a Fapesp, a molécula será provada em humanos no segundo semestre deste ano graças a um acordo da Universidade de Stanford com uma empresa privada interessada em transformá-la em uma droga comercial. EFE
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