Pesquisadores identificam proteína importante no câncer de pâncreas

  • Por Agencia EFE
  • 10/11/2014 15h00

Barcelona, 10 nov (EFE).- Pesquisadores da Universidade de Barcelona estabeleceram uma relação até então desconhecida entre uma proteína chamada HNRNPA2B1 e o desenvolvimento do câncer de pâncreas.

A pesquisa, publicada nesta segunda-feira pela revista “Gastroenterology”, mostrou que a interação entre a HNRNPA2B1 e a proteína codificada pelo gene KRAS é um potencial acerto terapêutico para o tratamento do câncer de pâncreas, um dos tumores mais letais.

O estudo foi dirigido pela professora Neus Agell, catedrática de Biologia Celular, Imunologia e Neurociências da Universidade de Barcelona, em parceria com cientistas de outros centros espanhóis como o Instituto Catalão de Oncologia, o Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas e do Dana-Farber Cancer Institute, adscrito à Escola de Medicina de Harvard (EUA).

Segundo explicou Agell, mais de 90% dos cânceres de pâncreas contêm mutações do gene KRAS, que ajuda a célula a interpretar o que ocorre ao seu redor e indica que ações deverão ser tomadas, como por exemplo se reproduzir ou morrer.

Muitos tumores, como os de pâncreas, pulmão ou cólon, têm este gene mutado, por isso sempre está sinalizando que as células cancerígenas proliferem, independente da informação que chega do meio exterior da célula.

Durante mais de 30 anos, os cientistas tentaram em vão inibir o KRAS para deter o desenvolvimento tumoral.

“A estratégia do nosso grupo é conhecer melhor como a célula regula a atividade e o funcionamento do KRAS, de modo que se não podemos inibir diretamente a ação do KRAS oncogênico, o que fazemos é tentar impedir a interação com outras proteínas para evitar que funcione, e fazer assim nos tumores”, disse Agell.

Os pesquisadores estudaram que proteínas interagem com o KRAS em células cancerígenas e selecionaram a proteína HNRNPA2B1.

A etapa seguinte foi bloquear a proteína em dois conjuntos diferentes de linhas celulares de adenocarcinoma ductal pancreático, o tipo de câncer de pâncreas mais comum, para ver os efeitos no crescimento tumoral.

“O resultado de silenciar esta proteína foi que se reduziu a proliferação e o crescimento das células cancerígenas, e também o aumento da morte celular, mas só nas linhas celulares dependentes do KRAS”, ressaltou Neus Agell.

Os efeitos se repetiram posteriormente quando injetaram essas células cancerígenas humanas em ratos, nos quais comprovaram também que ao silenciar a proteína HNRNPA2B1 as linhas celulares dependentes do KRAS reduziram o crescimento tumoral.

Essa pesquisa é somada a um trabalho anterior do mesmo grupo, no qual localizaram outras moléculas que também intervêm na regulação da atividade do KRAS na célula.

O próximo passo da pesquisa para o grupo da Universidade de Barcelona é conhecer melhor como funcionam as remodelações do KRAS, para desenvolver medicamentos que possam bloquear o tumor. EFE

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