Polícia do Paquistão prende quatro homens pelo apedrejamento de mulher

  • Por Agencia EFE
  • 30/05/2014 14h55

Islamabad, 30 mai (EFE).- A Polícia do Paquistão prendeu nesta sexta-feira quatro homens que participaram do assassinato a pedradas de uma jovem grávida frente a um julgado na cidade de Lahore, no leste do Paquistão, informou Zulfiqar Hamid, do alto comando da polícia regional.

Os detidos são um tio da vítima, dois de seus primos e um indivíduo sem parentesco com ela, enquanto dois irmãos da jovem continuam foragidos, declarou Hamid ao canal local “Geo TV”.

O assassinato ocorreu na terça-feira passada nas imediações do Alto Tribunal de Lahore, na província do Punjab, quando a vítima se dirigia ao local para participar de uma audiência. O grupo de parentes se aproximou e a apedrejaram diante da passividade policial.

O único que não fugiu da cena do crime foi o pai. Ele foi detido imediatamente após reconhecer à polícia que o assassinato foi cometido por uma questão de honra, pois sua filha tinha se casado com o homem que amava sem seu consentimento. O pai tinha denunciado o marido por sequestro, motivo pelo que o casal ia ao tribunal quando ocorreu o ataque.

O chefe do governo de Punjab, Shahbaz Sharif, deu hoje um ultimato de 24 horas ao inspetor geral da polícia provincial para que prenda todos os implicados no “brutal assassinato” e qualificou de “humilhante” a inação policial perante os criminosos.

Ontem, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, tinha pedido a seu irmão e chefe do governo de Punjab uma “ação imediata” contra os agressores para que sejam levados perante a Justiça “o mais rápido possível”.

Os chamados “crimes de honra” são muito frequentes no sul da Ásia e costumam envolver homens que os cometem quando consideram que a moral familiar foi afrontada.

No Paquistão, aproximadamente, duas ou três mulheres morrem a cada dia por esse tipo de crime, em ações que passam quase despercebidas, mas que, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, acumulou no ano passado 869 vítimas. A entidade alerta, contudo, que muitos casos ficam sem denúncia.

“Estes crimes persistem pela impunidade da qual gozam os assassinos”, disse a Comissão em um recente relatório, no qual denunciou que o costume de permitir a absolvição do criminoso se for perdoado pela família da vítima favorece as agressões. EFE

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