Polícia turca detém mais de 50 agentes acusados de realizarem escutas ilegais

Istambul, 22 jul (EFE).- A polícia turca prendeu nesta madrugada 55 de seus agentes, alguns deles altos cargos, acusados de terem realizado atividades ilegais, incluídas escutas telefônicas.

Em uma ampla operação, realizada simultaneamente em 22 províncias, foram detidos vários policiais, entre eles, um ex-diretor da unidade antiterrorista em Istambul, informou nesta terça-feira a emissora “NTV”.

A operação foi realizada meses depois de serem divulgadas várias gravações ilegais que acusavam o primeiro- ministro, Recep Tayyip Erdogan, de estar envolvido em atos de corrupção.

Entre os detidos estão altos funcionários que dirigiam a investigação de uma suposta rede de corrupção no governo, um escândalo que levou à saída de quatro ministros, embora o Ministério do Interior tenha dado um fim a essas investigações e até ordenado que algumas operações policiais fossem abortadas.

Os detidos são suspeitos de terem abusado de seus cargos para falsificar documentos, destruir ou manipular sistemas informáticos e revelar segredos de Estado.

Mas são acusados de terem realizado escutas telefônicas ilegais a mais de 220 artistas, empresários e juristas, informou a “NTV”.

Segundo a imprensa turca, a operação de hoje é parte da luta do executivo contra o “Estado paralelo”, nome com o qual Erdogan se refere às redes de simpatizantes do islamita exilado Fethullah Gülen.

Durante anos, a rede “+gülenista” no judiciário, na polícia e na imprensa foi o melhor aliado do governo de Erdogan em sua luta contra os fundamentos do poder militar e laico.

Mas desde o ano passado, uma guerra aberta entre o primeiro- ministro e seus então aliados levou ao expurgo de muitos milhares de altos cargos na administração, suspeitos de simpatizar com Gülen.

Durante os últimos comícios de campanha, Erdogan, agora candidato nas eleições presidenciais de agosto, prometeu redobrar seus esforços na luta contra o “Estado paralelo”. EFE