Amoêdo cita ‘movimento arquitetado’ e se diz ‘surpreso’ e ‘indignado’ com suspensão do Novo

Político afirmou que irá apresentar sua defesa e reafirmou que votará em Lula no segundo turno

  • Por Jovem Pan
  • 27/10/2022 16h51
Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo João Amoêdo João Amoêdo teve sua filiação ao Novo suspensa pelo próprio partido

O ex-presidente do Partido Novo João Amoêdo se manifestou sobre a suspensão de sua filiação da legenda. Amoêdo diz estar surpreso e indignado com a suspensão e cita ‘movimento arquitetado’ para constranger filiados da sigla a não declararem votos.  Poucos dias após o primeiro turno, o político anunciou que votará em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Na ocasião, o partido criticou o posicionamento de seu ex-presidente dizendo ser “incoerente” e uma “traição dos valores liberais”. A manifestação do político foi bastante criticada internamente. Filiados da sigla chegaram a falar sobre uma expulsão de Amoêdo. “Difícil, portanto, não concluir que as manifestações públicas do partido quanto ao meu posicionamento, a elaboração da denúncia por aliados do presidente Bolsonaro, a nomeação dos novos integrantes para a CEP e o pedido para uma definição imediata antes de domingo não seja um movimento arquitetado para constranger outros filiados do Novo a não declararem os seus votos e para garantir a minha expulsão, em um processo autoritário que remete à atuação de Bolsonaro”, escreveu. O ex-presidenciável afirmou que apresentará sua defesa no Comitê de Ética do partido e reafirmou que votará em Lula no segundo turno. “Apresentarei a minha defesa no Comitê de Ética do partido e tomarei as medidas jurídicas adequadas para garantir o meu direito, e de todos os filiados, de se manifestarem de acordo com a legislação brasileira e as regras internas do Novo. Esse é o ambiente que espero para o Novo e para o país. Por isso, reafirmo meu voto em Lula no próximo domingo”, conclui. Ele ainda lembrou que o próprio partido disse, em nota, que não iria se posicionar nas eleições, dizendo que os filiados eram livres “para votarem de acordo com a sua consciência”. Nesta quinta-feira, 27, o Novo anunciou a suspensão da filiação de Amoêdo. Segundo o partido, um processo disciplinar interno foi aberto contra ele por “possíveis violações estatutárias” da legenda. A filiação deve ficar suspensa até o final do procedimento. A sigla não esclareceu as razões para o processo e suspensão. Leia abaixo o posicionamento de João Amoêdo:

“Recebi com surpresa e indignação a suspensão da minha filiação ao Novo e o pedido para minha expulsão do partido por ter declarado o voto em Lula no segundo turno. A Comissão de Ética Partidária, por 4 votos a 3, aprovou a suspensão e me concedeu 10 dias para apresentar a defesa no processo de expulsão. Três dos quatro membros que votaram pela minha suspensão foram incorporados à Comissão de Ética nas duas últimas semanas. Todos os mandatários que assinaram o pedido de suspensão e a expulsão declararam voto em Bolsonaro no segundo turno, e um deles é coordenador estadual de campanha do presidente. O pedido dos mandatários solicitava que a suspensão fosse efetivada antes do pleito de domingo. O Novo, ao final do primeiro turno, mencionou em nota que não iria se posicionar nessas eleições e que os filiados eram livres para votarem de acordo com a sua consciência. O partido tem uma Diretriz Partidária, em vigor, que coloca a instituição como oposição ao governo Bolsonaro nas eleições de 2022. Desde março de 2020, quando renunciei à Presidência do Novo, não exerço qualquer cargo no partido, sendo apenas filiado. Faço questão de frisar, em todas as entrevistas e declarações, que minha opinião não representa o pensamento oficial do partido. Após a minha declaração de voto, sofri ataques do partido, de alguns mandatários e do presidente da instituição. Esses são os fatos. Difícil, portanto, não concluir que as manifestações públicas do partido quanto ao meu posicionamento, a elaboração da denúncia por aliados do presidente Bolsonaro, a nomeação dos novos integrantes para a CEP e o pedido para uma definição imediata antes de domingo não seja um movimento arquitetado para constranger outros filiados do Novo a não declararem os seus votos e para garantir a minha expulsão, em um processo autoritário que remete à atuação de Bolsonaro. Apresentarei a minha defesa no Comitê de Ética do partido e tomarei as medidas jurídicas adequadas para garantir o meu direito, e de todos os filiados, de se manifestarem de acordo com a legislação brasileira e as regras internas do Novo. Esse é o ambiente que espero para o Novo e para o País. Por isso, reafirmo meu voto em Lula no próximo domingo”.

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