Barroso pede que plenário do STF julgue afastamento de senador que escondeu dinheiro na cueca

Ministro determinou afastamento de Chico Rodrigues (DEM-RR) na quinta-feira 15; data do julgamento será definida pelo presidente da Corte, ministro Luiz Fux

  • Por André Siqueira
  • 16/10/2020 18h34 - Atualizado em 16/10/2020 19h06
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Carlos Moura/SCO/STF Apesar dos percalços, presidente do TSE classificou eleições como 'sucesso'

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu, nesta sexta-feira, 16, que o plenário da Corte julgue, na próxima semana, a ordem de afastamento de cargo do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro escondido na cueca durante uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) – a data do julgamento será marcada pelo presidente do Supremo, ministro Luiz Fux. Em seu despacho, Barroso destaca que, embora não haja obrigação de ratificação de sua liminar, o caso deve ser discutido no colegiado. O parlamentar, que ocupava o cargo de vice-líder do governo no Senado, foi dispensado após a repercussão negativa do caso. “Pegou muito mal”, disse à Jovem Pan um líder governista. O afastamento, determinado nesta quinta-feira, 15, tem validade de 90 dias e já está em vigência.

O senador foi flagrado com R$ 30 mil dentro da cueca durante a abordagem dos policiais. Ao todo, os valores descobertos na casa do vice-líder chegariam a R$ 100 mil. A investigação apura desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia da Covid-19, oriundos de emendas parlamentares. A Controladoria-Geral da União (CGU) disse que a operação Desvid-19, realizada em Roraima, apura o “desvio de recursos públicos por meio do direcionamento de licitações”. Ainda segundo a CGU, as contratações suspeitas de irregularidades, realizadas no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde, envolveriam aproximadamente R$ 20 milhões que deveriam ser utilizados no combate ao novo coronavírus. Em nota à imprensa, Chico Rodrigues afirmou que tem “um passado limpo e uma vida decente” e afirmou nunca ter se envolvido em escândalos. “Acredito na justiça dos homens e na justiça divina. Por este motivo estou tranquilo com o fato ocorrido em minha residência em Boa Vista, capital de Roraima. A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate ao Covid-19 para a saúde do Estado”, afirmou o senador. O senador disse, ainda, que em 30 anos na política, conheceu “muita gente mal intencionada”, a fim de macular sua imagem. “Ainda mais em um período eleitoral conturbado como está sendo o pleito em nossa capital”, declarou.

Durante o julgamento do caso do traficante André do Rap, o ministro Luís Roberto Barroso fez uma menção à operação realizada pela Polícia Federal. Barroso afirmou que estava monitorando o cumprimento de mandados de busca e apreensão que envolviam uma autoridade com foro no Supremo, sem revelar o nome “Desviar dinheiro da saúde em plena pandemia é mais do que corrupção e chega bem próximo do assassinato. Devemos ter em conta que isso não é aceitável. Precisamos continuar no esforço de desnaturalização das coisas erradas no Brasil”, argumentou o ministro. A operação que atingiu o senador ocorreu no mesmo dia em que Bolsonaro afirmou que daria “uma voadora no pescoço” de quem cometesse corrupção em seu governo. “Se acontecer alguma coisa, a gente bota para correr, dá uma voadora no pescoço dele. Mas não acredito que haja no meu governo”, disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. O presidente da República também citou uma declaração dada no dia 7 de outubro, na qual afirmou que acabou com a Operação Lava Jato porque não havia mais corrupção em seu governo. “Acabou a Lava Jato, pessoal? A PF está lá em Roraima hoje. Para mim, não tem. No meu governo não tem, porque botamos gente lá comprometida com a honestidade, com o futuro do Brasil”, afirmou.

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