Bolsonaro define plano e aposta em candidatura de senador do PL para ‘amarrar’ Zema em segundo turno
Entorno do presidente avalia que postulação de Carlos Viana deve impedir vitória do governador no primeiro turno; em embate com Kalil, aliado de Lula, político do Novo seria forçado a apoiar Bolsonaro
O fim do prazo das convenções partidárias e a consequente definição das candidaturas expõem as estratégias do Partido Liberal (PL) e da campanha do presidente Jair Bolsonaro em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país e Estado crucial para a definição da corrida pelo Palácio do Planalto – desde 1989, nenhum candidato foi eleito (ou reeleito) para comandar o Brasil sem ter sido o mais votado em solo mineiro. Diante da resistência do governador Romeu Zema (Novo) em apoiar o mandatário do país, o PL oficializou a candidatura do senador Carlos Viana (MG), um dos vice-líderes do governo no Senado. O parlamentar mineiro terá o apoio do União Brasil, que deve indicar o deputado federal Bilac Pinto para o posto de vice-governador. A sigla que surgiu da fusão entre DEM e PSL dará mais tempo de rádio e televisão para a campanha de Viana. Sozinha, a nova legenda tem 16,5% do horário total disponível, o que é visto como um importante ativo. Além do palanque a Bolsonaro em Minas, aliados avaliam que a postulação do senador pode ser o fiel da balança para impedir que a eleição local seja decidida em primeiro turno, o que, segundo relatos feitos à Jovem Pan, “amarraria” Zema ao presidente da República na segunda etapa do pleito.
A decisão de levar a postulação de Carlos Viana até o fim foi acertada no início deste mês, em uma reunião no Palácio do Planalto que contou com a presença de Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, além do próprio candidato ao governo mineiro. O entorno do presidente da República avalia que a candidatura do senador mineiro aumentam as chances de um segundo turno no Estado. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no dia 1º de julho, Viana aparece bem atrás dos dois principais candidatos. Zema lidera com 48% das intenções de voto, ante 21% do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que conta com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com exposição no rádio e na TV, interlocutores de Viana apostam em um crescimento nas próximas semanas, o que tem potencial para impedir uma vitória do governador do Novo ainda no primeiro turno. Desta forma, em um eventual embate com Kalil, Zema ficaria obrigado a declarar apoio e abrir seu palanque para Bolsonaro, acreditam pessoas próximas ao chefe do Executivo federal.
O palanque no Estado é visto como fundamental por Bolsonaro e seus aliados – o núcleo duro da ala política avalia que a eleição presidencial será decidida no Sudeste. Ainda segundo o Datafolha divulgado no início de julho, a diferença entre Lula e o presidente é de 20 pontos no segundo maior colégio eleitoral do país. O petista tem 48% das intenções de voto, contra 28% do candidato de Jair Bolsonaro. Além da questão estatística, os coordenadores da campanha à reeleição avaliam que a falta de um palanque em Minas Gerais seria “um pesadelo” – segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-MG), são 16.290.870 mineiros e mineiras aptos a votar, o que representa 10,41% do eleitorado nacional. “Não podemos subestimar o fator Minas Gerais, todo presidente eleito tem a melhor votação por lá. A falta do palanque seria um tiro no pé, um pesadelo”, afirmou à Jovem Pan, em reservado, um parlamentar do PL.
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