Bolsonaro diz que não mandou inserir dados falsos sobre vacina e que não sabe acessar ConecteSUS

Em depoimento à PF, ex-presidente também afirmou que suposto esquema de adulteração dos cartões de vacinação teria sido arquitetado sem o seu conhecimento

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2023 20h13 - Atualizado em 16/05/2023 20h53
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Jair Bolsonaro Jair Bolsonaro (PL) pode se tornar inelegível pela segunda vez

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 16, sobre possíveis adulterações nos comprovantes de vacinação do ex-mandatário, de sua filha, e do seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, bem como de sua esposa, Gabriela Ribeiro Cid. Em sua manifestação às autoridades, segundo documento foi obtido pela Jovem Pan News, o mandatário afirmou que não pediu para que Cid inserisse informações referente a sua suposta vacinação nos dados do ConecteSUS – sistema do Ministério da Saúde. Num depoimento de mais de três horas, Bolsonaro ressaltou que, caso Mauro Cid tenha arquitetado um esquema de adulteração de informações sobre comprovantes de vacinação, o fato teria ocorrido à revelia, ou seja, sem seu conhecimento. No entanto, o ex-presidente também pontuou que não acredita na possibilidade de que Mauro Cid tenha planejado inserir dados falsos em seu nome e no de sua filha. Bolsonaro também ressaltou que a administração de sua conta no ConecteSUS era realizada pelo então ajudante de ordens, Mauro Cid.

Nas redes sociais, o ex-secretário de Comunicação da Presidência (Secom) e advogado do presidente – tendo o acompanhado durante a oitiva junto com os advogados Daniel Tessler e Paulo Cunha Bueno -, Fabio Wajngarten, ressaltou que o ex-chefe do Executivo federal respondeu a todas as perguntas e que reforçou jamais ter se vacinado contra a Covid-19. “O depoimento do presidente Bolsonaro transcorreu de forma cortês e republicana. O presidente reiterou que jamais se vacinou, que desconhecia toda e qualquer iniciativa para eventual falsificação, inserção, adulteração no seu cartão de vacinação bem como de sua filha”, disse. O depoimento de Bolsonaro ocorre dentro da Operação Venire, que investiga a atuação de uma suposta associação criminosa. De acordo com informações da Polícia Federal, o grupo atuaria para inserir dados falsos referente a vacinação contra a Covid-19 nos sistemas de informação do governo federal. A oitiva com o ex-presidente deveria ter acontecido no dia 3 de maio, no entanto, sua defesa alegou não ter acesso aos autos do inquérito.

Trata-se do terceiro depoimento que Bolsonaro presta às autoridades policiais neste ano. Na primeira oportunidade, em 5 de abril, o ex-mandatário falou a respeito das joias presenteadas pelas autoridades da Arábia Saudita. A segunda ocorreu em 26 de abril e tratou dos ataques de vandalismo que ocorreram no início do ano na sede dos Três Poderes – Câmara dos Deputados, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto -, em 8 de Janeiro. No início deste mês e ainda no âmbito das investigações sobre as supostas adulterações nos cartões de vacina, a Polícia Federal realizou busca e apreensão, além de ter realizado a apreensão de três auxiliares: Mauro Cid, Max Guilherme e Sergio Cordeiro. Segundo a PF, os alvos da operação são acusados de participar de um esquema de falsificação na inserção de dados no sistema do Ministério da Saúde, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, para que pudessem emitir certificados de vacinação para realizar viagens internacionais.

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