Bolsonaro vira réu na Justiça do DF por incitação ao crime de estupro; ex-presidente fala em ‘perseguição’

Decisão se refere a caso de 2014, quando o então deputado federal afirmou que não estupraria a colega Maria do Rosário por ela ‘ser muito feia’

  • Por Jovem Pan
  • 26/09/2023 17h03 - Atualizado em 26/09/2023 17h04
MAURO PIMENTEL/AFP Jair Bolsonaro Former Brazilian President Jair Bolsonaro gestures as he speaks to members of the media upon arrival at the Santos Dumont Airport in Rio de Janeiro, Brazil, on June 29, 2023. Judges will continue delivering verdicts Thursday on charges that far-right ex-president Jair Bolsonaro broke the law with his unproven allegations against Brazil's election system, which could see him banned from holding office for eight years. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP) Em publicação nas redes sociais após a decisão, Bolsonaro classificou a decisão desta terça-feira, 26, como perseguição

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) virou réu no Justiça do Distrito Federal por incitação ao crime de estupro. A decisão é do juiz Omar Dantas de Lima, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), referente ao caso de 2014, envolvendo a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Como o site da Jovem Pan mostrou, em dezembro de 2014, durante discurso no plenário da Câmara dos Deputados, o então deputado federal disse que só não estupraria Maria do Rosário porque “ela não merecia”, por ser “muito feia” e por não fazer seu “tipo”. Inicialmente, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas o processo ficou suspenso até junho deste ano, quando o ministro Dias Toffoli remeteu a ação penal ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, atendendo a pedido da Procuradoria. Em publicação nas redes sociais após a decisão, Bolsonaro classificou a decisão desta terça-feira, 26, como “perseguição”.

“Defendemos desde sempre punição mais severa para quem cometa esse tipo de crime e justamente quem defende o criminoso agora vira a ‘vítima’. Fui insultado, me defendo e mais uma vez a ordem dos fatos é modificada para confirmar mais uma perseguição política conhecida por todos”, afirmou em mensagem publicada no X (antigo Twitter). Apesar da declaração, em junho de 2019, Bolsonaro pediu desculpas pelas falas proferidas a Maria do Rosário, após determinação judicial. Na ocasião, ele disse que as falas foram feitas “no calor do momento” e que “relembrou fato ocorrido em 2003, em que foi injustamente ofendido pela congressista” que o “chamou de estuprador”. Ele explicou que, na ocasião, “havia acabado justamente de defender, no plenário, uma pena mais severa aos autores de estupro e crimes contra a dignidade sexual”.

Recentemente,  a Justiça do DF decidiu arquivar outra ação penal de Maria do Rosário contra Bolsonaro envolvendo o mesmo caso. Desta vez, a decisão foi o juiz Francisco Antonio Alves de Oliveira. Ele verificou que, de acordo com a legislação penal, os crimes de calúnia e injúria imputados ao ex-presidente prescreveram. “Tendo em vista a data do recebimento da queixa-crime, o período em que o processo permaneceu suspenso, o correspondente prazo prescricional e a pena máxima cominada no caso verifica-se a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado, uma vez que transcorridos mais de três anos sem que tenham ocorrido outras causas de interrupção e suspensão”, escreveu o magistrado.

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