Campanha de Bolsonaro quer explorar ‘desastre econômico’ do PT para tentar tirar votos de Lula
Ala política do governo pretende associar sigla à crise que ocorreu na gestão Dilma Rousseff para reverter desvantagem apontada nas pesquisas
Integrantes do núcleo político do governo Bolsonaro ainda discutem como será a campanha, mas já definiram a estratégia eleitoral que será explorada nos próximos meses: revisitar o que chamam de “passado nebuloso” do PT para tentar tirar votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto. A ideia é associar o Partido dos Trabalhadores à crise que ocorreu em 2015, durante a gestão da então presidente Dilma Rousseff, e pregar que uma nova gestão petista seria ainda pior.
Parlamentares e integrantes do governo ouvidos pela Jovem Pan reconhecem que Lula se encontra em situação confortável nas pesquisas, mas ressaltam que os levantamentos são “fotografias do momento” e acreditam que o petista perderá votos quando a campanha, de fato, começar. O núcleo político do governo, liderado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do Mensalão, também aposta que Bolsonaro pode se beneficiar, novamente, do sentimento antipetista que alavancou sua postulação em 2018. Por isso, a ala política quer explorar declarações recentes feitas pela cúpula do PT, como a intenção a intenção de revisar a reforma trabalhista e de revogar o teto de gastos.
A estratégia, inclusive, já tem sido colocada em prática. Na quarta-feira, 12, em evento de lançamento de linhas de crédito para Aquicultura e Pesca no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que eleger Lula seria “reconduzir à cena do crime o criminoso”, e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem publicado artigos em jornais criticando os governos petistas. Em texto publicado pela Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 18, o auxiliar presidencial afirma que “o desastre econômico de 2015 e 2016 não pode ser retirado da história do partido”. Expoente do Centrão, Nogueira apoiou Lula nas eleições de 2018 e classificou o petista como “o melhor presidente da história desse país” – o trecho da entrevista concedida em 2017 voltou a ser compartilhado em julho do ano passado, quando o então senador aceitou o convite para se tornar ministro de Bolsonaro.
Ciro Nogueira será nomeado ministro de Bolsonaro. Sua mãe assumirá sua vaga no Senado. Ciro será ministro de um presidente em quem ele disse que não votaria porque era fascista. pic.twitter.com/7ZiStgaaTK
— Humberto Costa (@senadorhumberto) July 21, 2021
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