Em meio a impasse entre PT e PSB, Solidariedade vira opção para filiação de Alckmin
Eventual ida do ex-governador de São Paulo para a sigla de Paulinho da Força agrada aos petistas porque daria ao PT a possibilidade de manter candidaturas ao governo em Estados-chave, como São Paulo
Na manhã da segunda-feira, 10, o deputado federal e presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), oficializou o convite para que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filie ao partido e dispute a Presidência da República como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O movimento do cacique partidário não é exatamente uma novidade, uma vez que a possibilidade já havia sido apresentada ao agora ex-tucano em dezembro do ano passado, mas surge como plano B no cenário de articulações eleitorais que também envolvem as cúpulas do PT e do PSB.
Desde que as negociações entre Lula e Alckmin ganharam força, o PSB surgiu como provável destino do ex-governador de São Paulo. Um dos maiores entusiastas desta costura é Márcio França (PSB), que assumiu o comando do Palácio dos Bandeirantes quando o então tucano renunciou para disputar as eleições presidenciais de 2018. À Jovem Pan, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que “Alckmin só não vem se não quiser”. O discurso otimista é vocalizado por outros dirigentes da sigla. Porém, para receber Alckmin e selar a aliança, a cúpula socialista faz algumas exigências e espera contar com o apoio do PT aos candidatos pessebistas em cinco Estados: Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santos e São Paulo – o principal imbróglio ocorre no maior colégio eleitoral do país, onde Márcio França e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) aparecem como pré-candidatos ao governo paulista.
Como a Jovem Pan mostrou, aliados de Alckmin avaliam que a chapa com Lula é um “caminho sem volta”. No encontro com o presidente nacional do Solidariedade, o ex-tucano manifestou sua preocupação com a proposta petista de revogação da reforma trabalhista e quis saber a opinião das centrais sindicais sobre o assunto. Este tipo de posicionamento reforça a percepção de pessoas próximas, para quem o ex-governador abandonou, de fato, a ideia de disputar a corrida pelo governo de São Paulo e passa, agora, a mirar questões nacionais. Após o café da manhã com Paulinho, Alckmin divulgou uma nota, na qual afirma que “nosso maior desafio é tirar o país dessa situação e pensar em mais emprego e renda para o brasileiro”. É neste cenário que, segundo lideranças petistas ouvidas pela reportagem, o convite de Paulinho da Força passa a ser visto com bons olhos. O dirigente do Solidariedade diz que não exigirá nenhuma contrapartida para oficializar a filiação do ex-tucano. No caso de um eventual acerto, o PT teria caminho livre para oficializar uma chapa entre Lula e um nome histórico do PSDB, em um aceno ao eleitorado de centro, e manter candidaturas em Estados estratégicos do ponto de vista eleitoral. Embora digam que uma definição não deve ocorrer antes de março, petistas que acompanham as tratativas admitem que a possível aliança Lula-Alckmin já não depende do destino partidário do ex-tucano.
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