Cappelli critica uso de WhatsApp pelo GSI para repasse de informações confidenciais sobre o 8 de Janeiro: ‘Não é adequado’
Ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional se manifestou após revelações de que o general Gonçalves Dias, ex-comandante do posto, recebeu relatórios pelo aplicativo de mensagens
O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, utilizou as suas redes sociais nesta sexta-feira, 28, para se manifestar sobre a informação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviou alertas ao GSI e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública – sob a gestão de Flávio Dino (PDB) – a respeito das chances de manifestações violentas no entorno da sede dos Três Poderes, no dia 8 de Janeiro, em Brasília, no Distrito Federal. Em uma publicação no seu perfil no Twitter, Cappelli criticou a utilização do WhatsApp como meio de disseminação de informativos oficiais, secretos e sensíveis ao governo federal. De acordo com o ministro, a iniciativa fere a “soberania nacional” e preocupa, tendo em vista casos antigos de invasões à segurança cibernética do Planalto, como quando a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) teve sua caixa de e-mail hackeada em 2011. A informação de que a Abin comunicou o GSI e o Ministério da Justiça sobre os riscos potenciais de ações violentas no dia 8 de Janeiro foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo na última sexta-feira, 28. Em contrapartida, as pastas negam ter recebido os informativos.
“Não é adequado que informes de inteligência confidenciais de um país sejam repassados através de um aplicativo de mensagem de uma empresa privada de uma nação estrangeira. Não se trata de xenofobismo nem conspiracionismo. Estamos tratando de soberania nacional. As principais potências mundiais criaram agências para cuidar de uma questão estratégica: segurança cibernética. Já invadiram o email da então presidenta Dilma [Rousseff] e devassaram os dados da Petrobras, principal empresa nacional. Esta é uma questão estratégica”, publicou o comandante do GSI em uma série de mensagens na rede.
Alçado ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a revelação de imagens do ex-chefe da pasta, general Gonçalves Dias, ser flagrado dentro do Planalto no momento em que invasores depredavam o prédio do Executivo, Cappeli passou promover uma ‘faxina’ no órgão. Nos últimos dias, um total de 87 servidores do órgão de segurança foram exonerados pelo governo federal. De acordo com o político, a ação conta com o respaldo do presidente da Republica. “A determinação do presidente é para que se acelere as mudanças de quadro”, comentou o ministro em suas redes sociais. Como resposta, a oposição articulou e aprovou uma convocação para que Cappelli vá até a Comissão de Segurança da Câmara e preste esclarecimentos. O pedido de convocação foi aprovado na última terça-feira, 25, e ainda não foi agendado a ida do ministro à comissão da Câmara.
Não é adequado que informes de inteligência confidenciais de um país sejam repassados através de um aplicativo de mensagem de uma empresa privada de uma nação estrangeira. Não se trata de xenofobismo nem conspiracionismo. Estamos tratando de SOBERANIA NACIONAL.
— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) April 28, 2023
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