Defesa de Torres afirma que quadro psiquiátrico do ex-secretário o impossibilita de lembrar das senhas pessoais

Ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal foi preso em 14 de janeiro após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal

  • Por Jovem Pan
  • 28/04/2023 15h15 - Atualizado em 28/04/2023 16h36
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Anderson Torres Anderson Torres foi preso em 14 de janeiro após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal

A defesa de Anderson Torres – formada pelos advogados Eumar Roberto Novacki e Edson Alfredo Smaniotto – encaminhou nesta sexta-feira, 28, um ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que afirma que o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal não encontra-se num quadro psiquiátrico adequado para se lembrar das suas senhas pessoais solicitadas pela Polícia Federal. No documento assinado pelos advogados Eumar Roberto Novacki e Edson Alfredo Smaniotto, a qual a equipe de reportagem da Jovem Pan teve acesso, a dupla alega ter sido surpreendida pela informação que circulou na imprensa de que as senhas informadas aos investigadores eram falsas e ressaltou que foram enviadas à corporação “algumas alternativas de senhas” para demonstrar o “espírito cooperativo” do ex-secretário, ainda que não haja obrigação legal do investigado de “fornecer suas senhas pessoais”. Ao longo do comunicado, os representantes do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) relembraram da existência de um laudo priquiátrico anexado na ação que informa o estado emocional gravemente deteriorado de Torres. “À vista das informações prestadas pela psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que dão conta da gravidade do quadro psíquico do requerente, e dos medicamentos que lhe foram (e estão sendo) ministrados, é possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo”, sustentam.

A argumentação dos juristas é a de que, atualmente, não existe a preocupação por parte dos usuários de redes ou serviços virtuais com as suas senhas, visto que a “modernidade permite que os aparelhos armazenem as senhas” através do reconhecimento facial ou digital. “Nesse cenário, tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa”, afirma trecho da nota. Por fim, os advogados pedem ao ministro Moraes que o magistrado solicitem à Apple e ao provedor de e-mail utilizado por Anderson para que as plataformas possam disponibilizar os dados referentes às senhas do ex-ministro. “A despeito disso, no afã de contribuir e para afastar qualquer “especulação” acerca da validade das senhas fornecidas, a defesa requer a Vossa Excelência que expeça ofício à Apple e ao provedor “Uol”, para que estes
disponibilizem à Polícia Federal todos os dados referentes à nuvem e ao e-mail pessoal do peticionário”, pontua. A conclusão dos representantes de Torres diz respeito a uma tentativa da defesa de colaborar com as investigações de um suposto envolvimento do ex-ministro com as invasões realizadas no dia 8 de Janeiro à sede dos Três Poderes. Com as consecutivas recusas do ministro Moraes em aceitar uma revogação da prisão preventiva de Torres e liberá-lo para seguir na prisão domiciliar, os advogados buscam ‘convencer’ a Suprema Corte com os informativos da saúde do ex-ministro. “O postulante, de seu turno, ao passo que não vê as filhas desde a sua prisão preventiva, entrou em um estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos”, informa trecho do pedido de liberdade a Torres negado por Moraes.

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