CPI do MST começa com bate-boca, microfone cortado e deputada servindo arroz e suco de uva a colegas

Ricardo Salles foi chamado de ‘marginal’ por Talíria Petrone; Sâmia Bomfim confrontou o presidente da comissão, tenente-coronel Zucco, por investigação na PF

  • Por Brasília
  • 23/05/2023 19h20 - Atualizado em 23/05/2023 19h21
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FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Ricardo Salles e o Tenente Coronel Zucco, durante a CPI do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na Câmara dos Deputados em Deputados federais Ricardo Salles e tenente coronel Zucco, relator e presidente da CPI do MST

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados que investiga as ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) terminou sua primeira reunião, nesta terça-feira, 23, marcada por episódios de bate-boca e desavenças envolvendo os integrantes do colegiado. Durante três horas de sessão, parlamentares de oposição e governistas trocaram farpas e acusações, com direito a microfones cortados e até a suco de uva e arroz orgânico servido entre os colegas. Já no início da reunião, o presidente da CPI, deputado federal tenente-coronel Zucco (Republicanos – RS) cortou o som do microfone da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) quando ela começou a ler uma reportagem que afirmava que o deputado acabara de se tornar alvo de investigação da Polícia Federal (PF), por suposto incentivo a atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul. A determinação pela investigação partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Deputada Sâmia, eu aceitei a questão de ordem do deputado Kim. Nós não vamos permitir ataques pessoais sobre essa nota que a senhora falou”, respondeu Zucco, passando a palavra para outro parlamentar.

O relator da CPI, deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) foi outro integrante que se envolveu em confusão na sessão desta terça-feira, após ser chamado de “bandido” e “marginal” pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ). As ofensas foram proferidas pela parlamentar ao citar as acusações na Justiça contra Salles por suspeita de favorecer madeireiros em esquema de exportação de madeira ilegal, quando ainda era ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro. Diante da confusão, o presidente da CPI tirou o som do microfone da deputada do PSOL e passou a palavra para o relator, que pediu que as falas da parlamentar fossem extraídas para usar como representação contra ela na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Momentos depois, foi a vez de um embate entre as deputadas federais Carolina De Toni (PL-SC), que é ruralista, e Camila Jara (PT-MS), filha de assentados. A confusão começou após fala de Jara em defesa das ações do Movimento Sem Terra e o financiamento da reforma agrária. Carolina de Toni provocou a petista, dizendo que a colega fez um “discurso barato” e insinuando que Jara foi “hipócrita” ao falar em defesa de movimentos sociais enquanto, segundo De Toni, faz uso de artigos de luxo. “É fácil falar de justiça social com Iphone e bolsa da Louis Vuitton”. Mais cedo, Camila Jara, também em tom de provocação, deu ao relator Ricardo Salles uma garrafa de suco de uva orgânico produzido pelo MST, e pacotes de arroz aos demais colegas, também de produção do movimento social. A CPI será retomada nesta quarta-feira 24, com a votação de 15 requerimentos já apresentados pelos parlamentares, entre eles a convocação dos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro; e do Desenvolvimento Social, Paulo Teixeira.

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