Defesa de Anderson Torres descarta delação premiada do ex-ministro e fala em ‘espírito cooperativo’
Advogado disse que o ex-secretário de Segurança do DF vai ajudar a esclarecer ‘atos que levaram ao 8 de Janeiro’; ex-ministro da Justiça foi solto na quinta, após ficar preso por quase quatro meses
O advogado Eumar Novacki, que representa o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, negou a possibilidade de que o também ex-ministro da Justiça faça uma delação premiada. Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 12, em Brasília, a defesa admitiu que Torres vai cooperar com as investigações sobre os atos de 8 de Janeiro, mas sem acordo. “Não existe essa possibilidade de delação. O que ele vai fazer é cooperação para que se esclareça o mais breve possível os atos que levaram ao 8 de Janeiro”, afirmou Novacki, reforçando – mais de uma vez – o “espírito cooperativo”. “Não há quem não tenha se revoltado ao assistir aquelas cenas, realmente é uma mancha na história da política do Brasil. Entendemos que o Supremo Tribunal Federal, naquele momento, agiu com energia necessária para conter a escalada de violência, mas passado mais de 100 dias, o STF acerta em conceder essa liberdade ao ex-ministro”, completa. Como o site da Jovem Pan mostrou, Anderson Torres foi solto na quinta-feira, 12, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, que revogou a prisão preventiva mediante aplicação de medidas cautelares, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica. Torres estava preso desde 14 de janeiro por suposta omissão no episódio de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e o prédio do STF – foram invadidas e depredadas. Na ocasião, Anderson era secretário de Segurança do Distrito Federal, mas estava de férias nos Estados Unidos.
Também na coletiva desta sexta-feira, Eumar Novacki voltou a elogiar a Suprema Corte pela decisão de atender ao pedido da defesa e conceder liberdade a Anderson Torres. “Vivemos em uma sociedade infelizmente bastante dividida e teoria do direito penal do inimigo ganha força. Temos os que pregam os direitos do cidadão que devem ser respeitados, e aqueles considerados inimigo do Estado seriam tolidos. O Supremo acerta em permitir que essa teoria não avance, não ganhe força. Mais uma vez, confiamos e acreditamos na Justiça”, exaltou. Sobre o estado de saúde do ex-secretário, a defesa informou que ele continua em acompanhamento psicológico e psiquiátrico e segue tomando remédios, o que também deve ser mantido. “Óbvio que a chegada na casa dele foi muito emocionante, as filhas que não via desde o momento da prisão. Então, acredito que isso fará muito bem para a recuperação dele. Que ele tenha um reequilíbrio psicológico e possa ter condições de auxiliar a defesa no esclarecimento de todos os fatos”, concluiu.
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