Deltan diz que ‘muita gente procura pelo em ovo’ para anular condenações
Coordenador da extinta Operação Lava Jato alega que ‘cobrar do Ministério Público agilidade em manifestações nos casos urgentes ou pedir prioridade a certos casos ao juiz é normal’
O promotor Deltan Dallagnol, coordenador da extinta Operação Lava Jato, usou seu Facebook para se manifestar a respeito da tese de conluio entre o Ministério Público e Sergio Moro que norteia o julgamento de suspeição do ex-juiz federal. De acordo com a defesa do ex-presidente Lula, condenado por Moro em dois processos na 13ª Vara Federal de Curitiba, o jurista foi parcial durante os julgamentos envolvendo o líder petista. Os advogados se baseiam em mensagens vazadas da força-tarefa que mostram proximidade entre Moro e os procuradores. Com o pedido de vistas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques, na última quinta-feira, 11, a decisão sobre o ex-juiz não tem data para sair. Além de Marques, a ministra Cármen Lúcia também votará. Em 2018, ela havia se manifestado a favor do ex-ministro da Justiça, mas deu indícios na quinta-feira de que mudará seu voto.
“O juiz Sergio Moro absolveu 63 pessoas que acusamos, mais de 21% dos réus. Recorremos de 98% das sentenças. Ele indeferiu centenas de nossos pedidos. A tese de conluio só enfrenta um único problema: a realidade. Os dados a desmentem. Cobrar do Ministério Público agilidade em manifestações nos casos urgentes ou pedir prioridade a certos casos ao juiz é normal. Se aconteceu, é meritório, indica diligência. Tem muita gente procurando pelo em ovo para anular condenações”, desabafou Dallagnol. “Há muitos outros exemplos. Um veículo publica rotineiramente reportagens com a tese de que a cooperação internacional fora dos canais da autoridade central é ilegal, mas ela é reconhecida como legal até mesmo em documentos da própria autoridade central, além das recomendações nacionais e internacionais. Tem muita gente com interesse em ver erro onde não tem.”
Ligada a este caso está a decisão do monocrática do ministro Edson Fachin de extinguir os processos de Lula em Curitiba. Na terça-feira, 8, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) torná-lo elegível novamente, o ex-presidente fez um discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em que disparou severas críticas à Lava Jato, em especial a Moro e Dallagnol. No entanto, o procurador e o ex-juiz saíram em defesa de Fachin, dando força à tese de que o magistrado tomou essa decisão como tentativa de que o caso de Moro não chegasse ao STF.
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