Diretório Nacional do PT propõe convocar Campos Neto para explicar juros

Resolução, aprovada pela cúpula do partido nesta segunda-feira, 11, orienta parlamentares a convidar presidente do Banco Central para prestar esclarecimentos no Congresso

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2023 21h48
BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO Roberto Campos Neto Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto participa de cerimônia de posse do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), na Alesp

O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) se reuniu nesta segunda-feira, 13, em Brasília, e aprovou uma orientação para que os parlamentares petistas eleitos e recém empossados possam articular no Congresso Nacional para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seja convidado a prestar esclarecimentos sobre a condução da política monetária. A informação foi confirmada pelo deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) à equipe de reportagem da Jovem Pan. Após o encontro, a presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) discursou no ato político em comemoração aos 43 anos da legenda petista e falou sobre o Bacen – sem citar o executivo de maneira direta. “O Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro, corrobora com a mentira impondo um arrocho de juros elevado ao Brasil. Isso tem que mudar e nós temos de parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial”, disse a mandatária. O entendimento da alta cúpula petista é mais um capítulo na série de atritos entre Campos Neto e os políticos da sigla nos últimos dias. Nesta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou na reunião do Diretório Nacional que que o Brasil é o único país do mundo com taxas de juros tão altas e sugeriu que a meta inflacionária seja revista para cima – a fim de ampliar os gastos públicos. O entendimento do petista expõe uma mudança no tom do chefe da pasta, após Haddad declarar na última semana que a ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) era “mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados”. De acordo com apuração realizada pela Jovem Pan, já há no Senado Federal a expectativa de que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprove um convite a Campos Neto após o Carnaval.

Além da presidente nacional do PT e do ministro da Fazenda, o chefe da pasta do Trabalho, Luiz Marinho (PT), também criticou a condição do Banco Central por Campos Neto. Ao participar da reunião da diretoria da da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ex-prefeito de São Bernardo do Campo endossou as críticas petistas e afirmou que Campos Neto tem “mão pesada demais”. “Juro, de fato, atrapalha”, argumentou. Segundo o petista, há um trabalho de sensibilidade da direção do Banco Central para que a taxa de juros – Selic – no país, seja reduzida a fim de auxiliar no crescimento econômico do país. “Banco Central autônomo para quê? Acho que para poder garantir que não tem influência indevida de governo no processo de estabelecimento das políticas, e não ao contrário”, pontuou. Outra importante figura do Partido dos Trabalhadores, o líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), publicou nas suas redes sociais uma convocação a duas manifestações promovidas pelo sindicato dos bancários que pedem a redução dos juros no país. “Bancários do Brasil farão atos amanhã pela redução da taxa Selic, com palavras de ordem ‘Fora Campos Neto’!”, publicou Dirceu. As retóricas coincidem com as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que passou a mirar contra Campos Neto após a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) em manter a taxa de juros em alta. Em declarações anteriores, o chefe do Executivo chamou a decisão de “uma vergonha”. “Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O único dia em que a Fiesp falava era quando aumentava os juros. No meu tempo, 10% eram muito, hoje, 13,5% é pouco”, afirmou durante cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

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