Elcio Franco defende ‘atendimento precoce’ e contraria Butantan sobre compra da CoronaVac

Ex-secretário do Ministério da Saúde disse, em depoimento na CPI da Covid-19, que ataques do presidente Jair Bolsonaro ao imunizante não interromperam as tratativas

  • Por Jovem Pan
  • 09/06/2021 19h33
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Marcos Oliveira/Agência Senado Ex-secretário da Saúde em depoimento Elcio Franco Filho era o número dois do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello

Em seu depoimento à CPI da Covid-19, Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, afirmou que as negociações da pasta com o Instituto Butantan para a compra da CoronaVac “nunca pararam”. A declaração contraria a versão apresentada pelo diretor do órgão, Dimas Covas. À comissão, o dirigente disse, no dia 27 de maio, que os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao imunizante interromperam as tratativas por três meses. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse o chefe do Executivo federal em uma agenda no interior de São Paulo, no dia 21 de outubro de 2020. No dia seguinte, Eduardo Pazuello disse, em um vídeo: “É simples assim, um manda e o outro obedece”. Questionado pelos senadores, Franco pontuou que não entendeu a fala como “uma ordem ao ministério”, que acompanhava o andamento dos estudos clínicos.

Nesta quarta-feira, 9, o coronel do Exército, braço-direito de Eduardo Pazuello em sua gestão no Ministério da Saúde, também disse que a CoronaVac não foi comprada no segundo semestre de 2020 por incerteza de sua eficácia e falta de legislação. Elcio Franco destacou que o estudo clínico de fase 3 não havia sido concluído, estágio que é considerado o que chamou de “cemitério de vacinas”. A declaração gerou reação do senador Eduardo Braga (MDB-AM). “Cemitério de vacinas? Não. O que temos visto é cemitérios de pessoas que morreram por falta de vacinas”, afirmou. “Ao não contratar, faltou vacina para o país”, acrescentou.

Questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde afirmou que a gestão de Eduardo Pazuello não defendia o tratamento precoce, mas, sim, o que chamou de “atendimento precoce”. “A nossa gestão defendia atendimento precoce do paciente com o medicamento que o médico julgar oportuno, dentro da sua autonomia. Se for usar algum medicamento off label, que faça o esclarecimento ao paciente”, explicou. Em outro momento, porém, disse que “o tratamento precoce é a melhor medida preventiva para qualquer doença”. Elcio Franco também revelou que tomou hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, anticoagulantes e dexametasona quando foi infectado com a Covid-19, mas teve “de 25 a 50% de comprometimento dos pulmões”. Os medicamentos do chamado “kit Covid” são comprovadamente ineficazes para o tratamento da doença.

Respondendo a uma pergunta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), representante da bancada feminina do Senado na CPI, Elcio Franco afirmou que não era consultado sobre atos normativos, projetos do governo federal e decretos baixados pelo presidente Jair Bolsonaro a respeito de políticas sanitárias. “Vossa Excelência acaba de confirmar que existiam dois ministérios da Saúde. Um que deveria ser ouvido sempre. O outro, o paraelo, [instalado] dentro do ministério, não sabemos quem são [os integrantes], em outros órgãos e fora do governo federal, envolvendo políticos do Congresso Nacional”, rebateu a emedebista.

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