Eleições 2022: Federação com Cidadania divide opiniões dentro do PSDB

Enquanto membros da velha guarda tucana minimizam efeitos políticos de possível acordo, aliados de Doria celebram negociações e falam em ‘expansão do arco de alianças’

  • Por André Siqueira
  • 29/01/2022 16h29 - Atualizado em 29/01/2022 16h48
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FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO FUP20211127138 - 27/11/2021 - 19:48 Discurso em eleição de prévias João Doria havia sido escolhido o pré-candidato do PSDB à Presidência da República

Na manhã da quinta-feira, 27, a Executiva Nacional do PSDB deu aval às negociações para a formação de uma federação partidária com o Cidadania. Nas próximas semanas, as legendas seguirão negociando para oficializar a aliança que terá que durar, no mínimo, quatro anos. Apesar da sinalização de união, integrantes da direção tucana divergem sobre os benefícios políticos que o acordo trará para a sigla que saiu rachada do processo de prévias que resultou na escolha do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como pré-candidato à Presidência da República.

O entorno do governador paulista celebrou a deliberação da cúpula do partido. “Aprovamos hoje na executiva Nacional do PSDB o indicativo de federação com o Cidadania. Um partido com história e programa que honra nosso país. Nosso bom aliado desde os tempos do governo FHC. Passo importante”, escreveu o presidente do diretório de São Paulo e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. Na avaliação de outro aliado de Doria, a negociação é um trunfo porque ocorre no momento em que partidos de esquerda, como PT, PSB, PCdoB e PV, “batem cabeça” sobre a formação de uma federação.

Em conversa reservada com a reportagem da Jovem Pan, um integrante da Executiva Nacional da sigla disse que Doria utilizará a deliberação tucana para passar a impressão de que está expandindo o seu arco de alianças no momento em que sua candidatura dá sinais de estagnação – pesquisa XP/Ipespe divulgada na quinta-feira, 27, mostra o governador com 2% das intenções de voto, numericamente atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (44%), do presidente Jair Bolsonaro (24%), do ex-juiz Sergio Moro (8%) e do ex-ministro Ciro Gomes (8%). O gestor do maior Estado do país também vê nomes importantes do partido, como os senadores Tasso Jereissati (CE) e José Aníbal (SP), defendendo que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem chances de se tornar o nome mais competitivo da chamada terceira via.

Este mesmo integrante do diretório nacional tucano diz que Doria tentará “atropelar” a pré-candidatura do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) à Presidência da República. Ao comentar a decisão da cúpula do PSDB sobre o indicativo de federação com o Cidadania, o governador de São Paulo escreveu que “juntos seremos mais fortes e lutaremos pelo Brasil e os brasileiros”. Na publicação, feita em seu perfil no Twitter, o gestor paulista cumprimentou Bruno Araújo e Roberto Freire, presidentes nacionais do PSDB e do Cidadania, respectivamente. Vieira reagiu. “Os presidentes não têm poder para esta decisão. Estamos iniciando uma discussão que deverá respeitar as construções históricas de militantes, gestores e parlamentares. A união do centro democrático é urgente, mas ignorar que política se faz com paciência e respeito não ajuda”.

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