PL nega utilização de recursos públicos para custear relatório contrário às urnas

Presidente da legenda ressaltou que o dinheiro para pagar o documento veio do próprio partido; corregedor-geral de Justiça alega descredibilização eleitoral por parte do levantamento

  • Por Jovem Pan
  • 30/09/2022 21h56
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO - 04/11/2013 Valdemar Costa Neto Valdemar Costa Neto preside o Partido Liberal, que abrigou a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à releeição

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, respondeu aos questionamentos realizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e alegou não ter utilizado recurso públicos para pagar a produção de um documento que acusa o sistema de votação eletrônico de ser vulnerável e apresentar falhas. A equipe de reportagem da Jovem Pan obteve o documento enviado à Corte e, nele, o mandatário da sigla afirma que foram utilizados “recursos próprios” para o pagamento do estudo. “O pagamento da prestação de serviços do Instituto Voto Legal teve como fonte de recursos a Conta Contábil de Outros Recursos (Recursos Próprios) da agremiação, não sendo tal despesa custeada com recursos públicos de nenhuma natureza (Fundo Partidário e/ou Fundo Especial de Financiamento de Campanha)”, argumentou. Valdemar ainda ressaltou que o documento é de responsabilidade da equipe técnica contratada, e que seus termos devem ser avaliados dentro deste contexto e com a responsabilidade de seus subscritores. O documento em questão, produzido pelo partido, argumenta que os números nas eleições, dos desempenhos dos candidatos, podem ser manipulados por um “grupo restrito de servidores e colaboradores” da Corte eleitoral.

Resposta da Corregedoria-Geral

O ministro do TSE e corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, acusou a auditoria realizada pelo PL de ser um documento produzido para descredibilizar o pleito às vésperas da votação, além de ‘driblar’ a fiscalização sobre as urnas eletrônicas e basear-se em narrativas já derrotadas. Assinado nesta sexta-feira, o despacho de Gonçalves aciona o Ministério Público Eleitoral para que o órgão avalie se as informações são sabidamente falsas e com o intuito de atingir o sistema eleitoral brasileiro. “Os pontos são tratados sem aprofundamento, tendo por linha mestra o esforço de apresentar um quadro especulativo de descrédito institucional da Justiça Eleitoral, às vésperas do pleito. Capta atenção o fato de que o conteúdo do documento não se detém sobre supostos aspectos técnicos do sistema eletrônico de votação, mas, sim, passeia por temas variados, muito deles a envolver narrativas derrotadas quando da rejeição, pelo Congresso Nacional, da proposta de adoção do voto impresso”, pontua Benedito, que chamou a atividade realizada pelo partido de “paralela aos procedimentos de fiscalização”. O magistrado ressaltou, ainda, que Valdemar é responsável pelo documento por ser presidente do partido. A manifestação ocorre já que o estudo foi divulgado sem a assinatura de membros da legenda.

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