Ex-secretário de Saúde do DF nega conhecer Barros e diz não ter relação com a Precisa

Francisco Araújo Filho, preso no âmbito de operação que mirou superfaturamento de testes de Covid-19, repetiu que ‘não fez negociata com empresa nenhuma’

  • Por Jovem Pan
  • 02/09/2021 16h50 - Atualizado em 02/09/2021 16h53
Pedro França/Agência Senado Mesa de comissão do Senado durante sessão Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, preso em agosto de 2020 durante a Operação Falso Negativo. O objetivo é verificar a adequada aplicação dos recursos federais repassados ao GDF em razão da pandemia de covid-19. Mesa: advogado Cleber Lopes de Oliveira; ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho; presidente eventual da CPIPANDEMIA, senadora Leila Barros (Cidadania-DF); senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Foto: Pedro França/Agência Senado

Depois da ausência do lobista Marconny Albernaz Faria, a CPI da Covid-19 ouviu, nesta quinta-feira, 2, o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco Araújo Filho, preso no âmbito da Operação Falso Negativo, que mirou a compra superfaturada de testes da Precisa Medicamentos para a detectação da doença e atingiu toda a cúpula do órgão na capital do país. Aos parlamentares, Araújo afirmou que nunca se encontrou com Francisco Maximiano, dono da empresa, e negou qualquer irregularidade no processo licitatório. “Não fiz negociata com empresa nenhuma”, repetiu diversas vezes. Ao longo da oitiva, o ex-secretário disse que “até uma folha de papel tem dois lados”, para dizer que foi alvo de “narrativas”.

Em um depoimento esvaziado, Araújo foi questionado, sobretudo, pela bancada do Distrito Federal no Senado. Com a ausência do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que se ausentou porque precisou viajar, a relatoria ficou temporariamente sob a responsabilidade do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). O tucano apresentou um organograma, que, segundo ele, comprova que um mesmo modus operandi foi adotado na capital do país e no Ministério da Saúde. De acordo com Lucas, o ex-secretário de Saúde do DF foi apadrinhado por caciques do Partido Progressistas (PP) – no caso da compra da vacina Covaxin, que também envolve a Precisa Medicamentos, a CPI da Covid-19 diz ter elementos que comprovam que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), era o “facilitador político” da empresa. O depoente negou o apadrinhamento, disse desconhecer Barros e atribuiu sua nomeação a uma escolha pessoal do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Os senadores Reguffe (Podemos-DF) e Leila Barros (Cidadania-DF) também fizeram perguntas ao depoente. Os parlamentares citaram trechos da denúncia do Ministério Público Federal do Distrito Federal e a auditoria feito pelo Tribunal de Contas do União (TCU), que apontaram, entre outras coisas, que os testes adquiridos eram os mais caros e tinham baixa eficácia: a empresa Luna Park, que em sua razão social prevê o comércio atacadista de brinquedos, ofertou os dispositivos a R$ 180; a empresa de Maximiano, a R$ 139,90; uma outra fornecedora, por sua vez, ofereceu cada uma das unidades a R$ 73.

Os senadores governistas também aproveitaram o depoimento desta quinta-feira para defender a investigação da aplicação de recursos federais em Estados e municípios. “A gente precisa investigar o caminho do dinheiro. Uma empresa que trabalhava com brinquedo vendeu testes de Covid-19. No amazonas, uma adega de vinho vendeu respiradores. A pessoa que veio aqui [Francisco Araújo] editou um livro sobre gestão pública, mas não deve ter dado muito certo, porque o senhor foi preso, está oito anos impedido de exercer função pública, e mais catorze pessoas também [foram presas] por peculato, fraude em licitação”, disse o senador Jorginho Mello (PL-SC). O senador Marcos Rogério (DEM-RO) acusou a comissão de seletividade e disse que o argumento de que o STF não permite a investigação de Estados e municípios “é uma forçação de barra que não cabe nesta CPI”.

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