Exclusivo: ‘Podem tirar meu mandato, mas não vão tirar a minha voz’, afirma Deltan Dallagnol
Em entrevista ao Morning Show, ex-procurador da Lava Jato afirma que ‘o abuso de direitos está institucionalizado no Brasil’ e que cassação é ‘tiro no pé’
Em participação no programa Morning Show, da Jovem Pan News, o ex-procurador Deltan Dallagnol comentou a cassação do seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele criticou a postura do governo Lula e afirmou que perseguição contra ele é ‘um tiro no pé’ da gestão petista. “Eles podem tirar meu mandato, mas não vão tirar a minha voz. Podem tirar minhas redes sociais, mas não tirar minha capacidade de agir, de mobilizar. O que eu vejo é que, na história, toda vez que tentaram silenciar foi um tiro no pé. E, se você quer saber o que eu acho dessa minha cassação, eu acho que eles estão dando um grande tiro no pé. Eles estão unindo a direita contra um projeto abusivo, um governo abusivo”, pontuou. Ele avaliou que hoje não existe mais direito, apenas vontade política. “O abuso de direitos está sendo institucionalizado no Brasil”, afirmou. O ex-procurador acrescentou que Lula tem um revanchismo contra ele. “A primeira grande vitória desse governo foi ter me cassado. Não fizeram nada pelo país até agora”, declarou.
Ele também criticou a decisão do TSE e afirmou que não foi que ela foi feita com base técnica, mas apoiada em especulações e invenções. O político argumentou que não enfrentava nenhum projeto disciplinar contra ele, mas que havia reclamações que poderiam ser investigadas. “Esse é um momento de revolta e de indignação, mas também de renovação do compromisso, de lutar, de não desistir, de buscar forças. A decisão do TSE não é técnica. O fundamento foi a união de um sistema. Tecnicamente não se sustenta. É uma vingança do sistema. Estão se sobrepondo à vontade do povo, sem parecer técnico. Estamos vivendo uma inversão de valores. Não vou desistir, vou recorrer”, afirmou.
Na terça-feira, 16, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato do deputado Federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Os ministros da Corte entenderam que a saída de Deltan do cargo de ex-procurador da República ocorreu de maneira irregular, já que o mesmo era alvo de 15 procedimentos administrativos do Conselho Nacional do Ministério Público que poderiam lhe render processo administrativo disciplinar (PAD) e torná-lo inelegível. Por ter antecipado sua saída do cargo público, o TSE enxergou uma manobra para fraudar a lei. Com base na Lei da Ficha Limpa, a decisão colegiada também o torna inelegível por oito anos. Mesmo com a decisão, que deverá ser cumprida imediatamente, Deltan ainda poderá apresentar recurso para o Supremo Tribunal Federal – porém, sem o mandato.
Em nota, Deltan disse que “344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça”, lamentou. “Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”, acrescentou. De acordo com o advogado da Federação Brasil Esperança, formada pelos partidos PT, PCdoB e PV, e pelo PMN, o deputado respondia a sindicâncias, reclamações e pedido de providência no CNMP, quando registrou sua candidatura, e que, por esta razão, estaria impedido devido à Lei da Ficha Limpa. Também integra a denúncia a condenação de Dallagnol pelo TCU, por gastos com diárias e passagens na operação Lava Jato. O Ministério Público Eleitoral opinou pela regularidade da candidatura do deputado.
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