Feliciano diz ter ‘segurança’ de que um dos indicados de Bolsonaro ao STF será evangélico

Um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro, o pastor da Catedral do Avivamento confia na palavra do presidente da República e afirma que não discrimina pessoas ‘por suas convicções religiosas’

  • Por André Siqueira
  • 01/10/2020 18h04
Marco Feliciano/Twitter Deputado ao lado do presidente em avião Deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) é um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro

Um dos parlamentares mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) afirmou que a Frente Parlamentar Evangélica, da qual ele faz parte, tem “segurança” de que o chefe do Executivo preencherá uma das duas indicações ao Supremo Tribunal Federal (STF) que terá direito com um nome chancelado pelos evangélicos. Em entrevista à Jovem Pan, Feliciano, que é pastor da Catedral do Avivamento, disse que “em algum momento, [Bolsonaro] falou sobre um ministro ‘terrivelmente evangélico’, mas não sinalizou quando seria e nem precisa. O presidente é um homem de palavra. Temos segurança com ele”. A declaração de Feliciano ocorre na esteira da sinalização de que o desembargador Kássio Nunes Marques, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Federal (TRF-1) é o novo nome forte do Palácio do Planalto para a vaga do decano da Corte, o ministro Celso de Mello – integrante do TRF-1 desde 2011, Nunes é católico.

Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro afirmou, reiteradamente, que pretendia indicar um ministro “terrivelmente evangélico” ao Supremo Tribunal Federal. As declarações sempre foram vistas como um aceno a uma parcela importante de seu eleitorado. Por isso, a possibilidade de indicação de um nome católico gerou reações nas redes sociais. O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo escreveu, em seu perfil no Twitter, que “o PT, toda a esquerda, o centrão, os corruptos e todos os que são contra a Lava Jato agradecem” pela possível escolha de um nome que não é “terrivelmente evangélico” e “terrivelmente de direita”. “Sou aliado do presidente, não alienado”, complementou o pastor.

Também no Twitter, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), um dos integrantes da tropa de choque do bolsonarismo no Congresso, disse que não acredita que Bolsonaro indicará ao STF “um desembargador que foi indicação de Dilma Rousseff para o TRF-1”, que “liberou licitação do STF para compra de lagostas e vinhos” e “cujo nome tenha sido recebido com louvor por Gilmar Mendes e Dias Toffoli”. Em maio de 2019, Kássio Nunes cassou uma decisão liminar proferida pela juíza federal Solange Salgado, do Distrito Federal, que havia suspendido a licitação do STF para a compra de bebidas, entre elas vinhos importados e premiados, e refeições, incluindo lagosta. Questionado se a indicação de um nome católico para à Suprema Corte causa algum incômodo, Feliciano foi taxativo: “Porque causaria? O ministro Fux é judeu e é um excelente ministro. Não discrimino as pessoas por suas convicções religiosas”.

Nas últimas horas, apoiadores do presidente e seguidores do filósofo Olavo de Carvalho têm se mobilizado nas redes sociais para pedir que Bolsonaro escolha outro nome para o STF – aparecem na lista dos mais cotados os ministros André Mendonça, da Justiça, e Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras. No Twitter, a hashtag #KassioNunesNão está sendo utilizada em publicações que pedem um nome conservador. Outro ponto que gera reação de bolsonaristas é o apoio de setores do PT ao nome do desembargador. Para Feliciano, porém, a indicação de Kássio Nunes, se aprovada, “mostra que a escolha estará acima de qualquer viés ideológico. Juízes não podem ter partido, pois seu partido deve ser o Brasil e a sua ideologia deve ser a Constituição”.

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