Fernando Holiday se arrepende de ‘críticas equivocadas’ a Bolsonaro e diz que MBL ‘torce’ pela volta do PT
Vereador também explicou ao site da Jovem Pan por que trocou o Novo pelo Republicanos, criticou o ex-correligionário João Amoedo e anunciou que vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026
O vereador de São Paulo Fernando Holiday (Republicanos) admitiu que errou ao criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) quando eclodiu uma investigação sobre suposta interferência do presidente na Polícia Federal (PF). A acusação foi feita pelo ex ministro da Justiça e senador eleito no Paraná Sergio Moro (União Brasil) e levou o ex-juiz a deixar o governo, arrastando uma leva de apoiadores da Operação Lava Jato. “Votei no Bolsonaro sabendo que ele era um jumento, mas não sabia que ele seria tão corrupto”, disparou Holiday durante uma manifestação em setembro do ano passado, na Avenida Paulista, em São Paulo. Na época, ela ainda fazia parte do Movimento Brasil Livre (MBL). Já fora do grupo, o parlamentar admitiu, em entrevista ao portal da Jovem Pan, que pegou pesado nas críticas e reiterou que o atual presidente é a melhor opção neste segundo turno.
“Naquele momento parecia que havia provas contundentes sobre uma suposta interferência na PF. Os eventos foram bem confusos e, no final, não havia provas da interferência. Percebi que minhas críticas estavam equivocadas. Hoje apoio. É um reconhecimento de que o Bolsonaro é a melhor opção para o Brasil”, justificou. Engajado na campanha pela reeleição de Bolsonaro, ele elogiou a postura de Moro, que faz o mesmo neste segundo turno após aparar as arestas com o presidente. O ex-juiz alegou que o PT não é uma opção e declarou apoio ao atual mandatário, mesmo após a acusação sobre a Polícia Federal. “Vejo como uma espécie de grandeza de ambos em se unirem em torno de uma pauta para favorecer o país”, analisa Holiday.
Já para o MBL, que optou pela neutralidade, sobraram críticas. Poucos dias após o segundo turno, o ex-deputado estadual de São Paulo Arthur do Val, o “Mamãe Falei”, pediu em seu Twitter para quem não apoia nenhum dos candidatos prestar atenção em que “ficará batendo firme” tanto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como em Bolsonaro: “Está cheio de ‘guerreiro’ caçando like e mendigando prestígio correndo para o mito”. A publicação foi feita no mesmo dia em que Holiday declarou apoio a Bolsonaro. Em sua visão, o movimento do qual participava tem o histórico de procurar inimigos em todos os cantos. Então, a neutralidade significaria uma torcida para a volta do PT, visando se consolidar como oposição. “[O tuíte de Arthur do Val] Foi uma crítica a todos que apoiam o presidente. Ao próprio Moro. A posição deles é de tentar ressurgir como uma oposição. A tese é que se o Lula volta ao poder, todos os antipetistas se reunirão, independentemente de ser apoiador do Bolsonaro ou não, e o movimento voltará a ter prestígio. Essa postura significa que eles querem a volta do PT. Meu trabalho é fazer quem pensa igual sair do muro”, criticou o vereador.
Recentemente, Holiday deixou o Partido Novo e se filiou ao Republicanos — partido de Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro (Infraestrutura) e candidato ao governo de São Paulo — após não conseguir se eleger para a Câmara dos Deputados. No total, ele recebeu 38.118 votos. A legenda de orientação liberal não atingiu a cláusula de barreira, um dispositivo que estabelece um número de percentual mínimo de votos e de parlamentares eleitos para manter acesso à propaganda partidária e ao fundo eleitoral. Apenas cinco candidatos do Novo venceram as disputas estaduais e distritais. No pleito de 2018, foram 12 deputados eleitos. O vereador explicou o motivo pelo qual escolheu se transferir para o Republicanos. “O que aconteceu comigo nas urnas foi um atropelo. Meu público deseja um posicionamento mais firme, uma defesa mais enfática das pautas conservadoras. Isso é mais fácil e mais simples no Republicanos, um partido focado nessas pautas”, explica.
O Novo, na opinião de Holiday, precisa repensar suas ideias visando as eleições municipais de 2024, das quais ele não participará. “O Novo, como nós conhecemos, não existe mais. O partido precisa repensar suas ideias por conta do resultado das eleições, mirando 2024. Mas isso precisa ser discutido entre as pessoas do partido. Não pretendo disputar as eleições de 2024”. Ele ainda criticou João Amoêdo, que declarou apoia a Lula no segundo turno. De acordo com o vereador, o fundador da legenda teve grande parcela de culpa no encolhimento do partido que criou. “Ele foi essencial no encolhimento do Novo. Sempre trabalhou contra o partido enquanto esteve à frente. Não teve diálogo com os diretórios e, com essa declaração [de voto em Lula], me parece que se perdeu. É uma grande mancha”, criticou.
O ex-integrante do MBL adianta que não participará de um eventual segundo governo Bolsonaro — cumprirá seu mandato na Câmara dos Deputados até o fim, em dezembro de 2024. Em caso de vitória petista, focará na oposição ao partido de Lula dentro da Câmara de São Paulo, mas a frase sobre nunca mais disputar eleições, diz ele, foi mal compreendida. No futuro, pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados novamente. “Acredito que o Bolsonaro vai priorizar quem está no governo desde o início se eleito. Pretendo cumprir meu mandato em São Paulo. Se o Lula vencer, farei uma oposição ao petismo na Câmara. Mas, independentemente de quem ganhar, prefiro focar na formação de novos políticos. Em jovens que queiram se engajar e entrar em uma formação neste sentido. Pretendo ser candidato em 2026 para reforçar a oposição ao PT no Congresso”, finalizou.
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