Flávio diz que a não reeleição de Lula vai ‘salvar’ seu pai da prisão
Senador afirma que sua candidatura é irreversível, descarta disputa com Tarcísio de Freitas e se apresenta como o ‘Bolsonaro mais moderado’ que a direita pedia
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) elevou o tom da sua pré-candidatura à Presidência da República ao declarar que a não reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026 é o fator decisivo para “salvar” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, da prisão. A declaração foi feita em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro, após descumprir medidas impostas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Dias depois, a condenação dele na trama golpista foi transitada em julgado.
Questionado sobre a prioridade entre tirar o pai da prisão e não reeleger o atual governante do país, Flávio foi taxativo: “Acho que não reeleger Lula é o que vai salvar o Brasil e vai salvar o meu pai da prisão.” O senador também sinalizou que sua postulação ao Palácio do Planalto é irreversível e que não abrirá mão dela em favor de outros nomes do campo conservador, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo ele, uma disputa entre os dois seria impensável. “Eu acho que não tem um cenário de eu ser candidato e ele [Tarcísio] ser. Seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é.”
Flávio afirma ter uma vantagem sobre os demais pré-candidatos por carregar o sobrenome Bolsonaro, mas se apresenta como a versão “moderada” que, segundo ele, muitos pediam. “É o meu jeito, não estou fazendo teatro. Todo mundo que tentou ser igual a Bolsonaro se deu mal. Bolsonaro é inigualável. Ele é a minha referência. Só que se eu tentar ser igual a ele, não vou estar sendo eu”.
Para ilustrar o contraste com o estilo mais confrontador do pai, o senador citou a vacinação contra a Covid-19: “Ele não quis tomar vacina [contra a Covid]; eu tomei duas doses”. Ao concluir sobre o seu estilo, o senador questionou o eleitor: “Quem vai falar é o eleitor. Muita gente pedia: ‘Bolsonaro, você tem que ser mais moderado’. Pô, sou eu. Bolsonaro mais moderado.”
Pesquisas e viabilidade
Em uma entrevista a jornalistas, concedida após visitar seu pai na Superintendência da PF, Flávio Bolsonaro comentou o impacto de seu nome no cenário eleitoral, reforçando a mensagem de viabilidade da candidatura. “Passo a minha impressão do impacto sobre o lançamento do meu nome como pré-candidato à presidência da República”, disse, mencionando levantamento do Instituto Veritá, que o coloca empatado tecnicamente com Lula. “[A pesquisa] Já me bota ali num empate técnico com o atual governo”, declarou, fazendo depois um adendo: “Com o atual desgoverno do país”.
O senador ainda rebateu críticas iniciais sobre sua capacidade de atrair apoio, citando a percepção das ruas. “Ao contrário do que muita gente estava imaginando, querendo dizer que era um nome inviável, que era um nome que não ia decolar, que não tracionava, a gente vê que já existem pesquisas já mostrando o que eu sinto nas ruas”. Em relação à estratégia de campanha, Flávio afirmou que, se não obtiver o apoio do Centrão, irá para a eleição com o PL e “o povo”.


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