Fux critica clima de ‘nós contra eles’ e diz que ‘não há espaço para ações contra o regime democrático’

Em discurso na abertura do ano do Judiciário, presidente do STF também pediu que eleições deste ano sejam marcadas pela ‘tolerância’

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2022 11h40
Nelson Jr./SCO/STF Ministro Luiz Fux Sessão solene ocorreu na manhã desta terça-feira, 1º

Na sessão solene de abertura dos trabalhos do Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse, nesta terça-feira, 1º, que “não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para a violência contra as instituições públicas”. O magistrado dedicou boa parte de seu discurso para falar da polarização política que tomou conta do país e pediu “tolerância” nas eleições que ocorrerão em outubro deste ano. Fux também defendeu a ciência e a vacinação em massa como ferramentas para o combate da pandemia do novo coronavírus  e afirmou que o Brasil caminha na direção correta, guiado “pelas bússolas da razão e da ciência”.

“Deveras, este ano de 2022 também será marcado por acontecimentos relevantes para a vida política do país. O novo ciclo eleitoral se avizinha. É cediço que a política e as eleições despertam paixões acerca de candidatos, de ideologias e de partidos. Embora esses sejam sentimentos legítimos, a política também deve ser visualizada pelos cidadãos como a ciência do bom governo. Por sua vez, as eleições devem ser uma oportunidade coletiva para realizarmos escolhas virtuosas e votos conscientes voltados à prosperidade nacional. Os debates acalorados nesses momentos são comportamentos esperados em um ambiente deliberativo marcado pela pluralidade de visões. Não obstante os dissensos da arena política, a democracia não comporta disputas baseadas no ‘nós contra eles’. Em verdade, todos os concidadãos brasileiros devem buscar o bem-estar da nação, imbuídos de espírito cívico e de valores republicanos”, disse Fux. “Em sendo assim, este Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, concita os brasileiros para que o ano eleitoral seja marcado pela estabilidade e pela tolerância, porquanto não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para violência contra as instituições públicas”, seguiu.

Fux também disse que o país precisa de líderes “que sejam capazes de engajar ações coletivas, congregar pensamentos opostos e inspirar colaboração recíproca em pequena e grande escalas”. “Para fazermos as engrenagens de uma sociedade cada vez mais interdependente e complexa girarem como uma sinfonia perfeita, precisamos, mais do que nunca, de líderes que estejam atentos a essas transformações e que sejam capazes de engajar ações coletivas, congregar pensamentos opostos e inspirar colaboração recíproca em pequena e grande escalas”, afirmou. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não participou da abertura do ano do Judiciário – o ministro Luiz Fux afirmou que o presidente não compareceu porque irá sobrevoar as áreas atingidas pela chuva em São Paulo. A sessão ocorreu dias depois de o chefe do Executivo federal descumprir a decisão do ministro Alexandre de Moraes e não comparecer à Polícia Federal (PF), na sexta-feira, 29, para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de dados sigilosos de um inquérito que apura um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Participaram do evento o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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