Fux critica clima de ‘nós contra eles’ e diz que ‘não há espaço para ações contra o regime democrático’
Em discurso na abertura do ano do Judiciário, presidente do STF também pediu que eleições deste ano sejam marcadas pela ‘tolerância’
Na sessão solene de abertura dos trabalhos do Poder Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse, nesta terça-feira, 1º, que “não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para a violência contra as instituições públicas”. O magistrado dedicou boa parte de seu discurso para falar da polarização política que tomou conta do país e pediu “tolerância” nas eleições que ocorrerão em outubro deste ano. Fux também defendeu a ciência e a vacinação em massa como ferramentas para o combate da pandemia do novo coronavírus e afirmou que o Brasil caminha na direção correta, guiado “pelas bússolas da razão e da ciência”.
“Deveras, este ano de 2022 também será marcado por acontecimentos relevantes para a vida política do país. O novo ciclo eleitoral se avizinha. É cediço que a política e as eleições despertam paixões acerca de candidatos, de ideologias e de partidos. Embora esses sejam sentimentos legítimos, a política também deve ser visualizada pelos cidadãos como a ciência do bom governo. Por sua vez, as eleições devem ser uma oportunidade coletiva para realizarmos escolhas virtuosas e votos conscientes voltados à prosperidade nacional. Os debates acalorados nesses momentos são comportamentos esperados em um ambiente deliberativo marcado pela pluralidade de visões. Não obstante os dissensos da arena política, a democracia não comporta disputas baseadas no ‘nós contra eles’. Em verdade, todos os concidadãos brasileiros devem buscar o bem-estar da nação, imbuídos de espírito cívico e de valores republicanos”, disse Fux. “Em sendo assim, este Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, concita os brasileiros para que o ano eleitoral seja marcado pela estabilidade e pela tolerância, porquanto não há mais espaços para ações contra o regime democrático e para violência contra as instituições públicas”, seguiu.
Fux também disse que o país precisa de líderes “que sejam capazes de engajar ações coletivas, congregar pensamentos opostos e inspirar colaboração recíproca em pequena e grande escalas”. “Para fazermos as engrenagens de uma sociedade cada vez mais interdependente e complexa girarem como uma sinfonia perfeita, precisamos, mais do que nunca, de líderes que estejam atentos a essas transformações e que sejam capazes de engajar ações coletivas, congregar pensamentos opostos e inspirar colaboração recíproca em pequena e grande escalas”, afirmou. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não participou da abertura do ano do Judiciário – o ministro Luiz Fux afirmou que o presidente não compareceu porque irá sobrevoar as áreas atingidas pela chuva em São Paulo. A sessão ocorreu dias depois de o chefe do Executivo federal descumprir a decisão do ministro Alexandre de Moraes e não comparecer à Polícia Federal (PF), na sexta-feira, 29, para prestar esclarecimentos sobre o vazamento de dados sigilosos de um inquérito que apura um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Participaram do evento o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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