Gonçalves Dias abre mão de direito ao silêncio e nega ter recebido relatórios sobre invasões do MST

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional também minimizou possível omissão enquanto esteve no cargo e disse que Abin passava por ‘fase de recomposição’

  • Por Jovem Pan
  • 01/08/2023 18h28
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Gonçalves Dias O general Gonçalves Dias presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, negou nesta terça-feira, 1, que tenha recebido relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a respeito de invasões de terras, durante o período que o órgão esteve relacionado ao GSI, de 2 de janeiro à 1º de março. Em mais de uma ocasião, G. Dias foi questionado sobre os documentos e alegou não ter recebido relatórios sobre o Movimento Sem Terra (MST) ou informações que justificassem uma investigação sobre as ocupações. “Não recebi nos dias que a Abin ficou sob a minha gestão nenhum relatório, a Abin quando o Dr. Saulo assumiu estava em fase de recomposição e reestruturando a sua gestão, eu não recebi nenhum relatório de inteligência (sobre o MST) pelo sistema sisbin. (…) No meu período, a única invasão foi de 27 de fevereiro na Suzano, na Bahia”, alegou.

Questionado se houve uma omissão de sua parte, como então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, G. Dias negou, reforçando que não haviam informações que justificassem relatórios ou atuações: “E não posso imputar ato criminoso a nenhuma pessoa”, completou. Como o site da Jovem Pan mostrou, Gonçalves Dias compareceu à oitiva na CPI do MST com habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiria seu direito de ficar em silêncio. Entretanto, ele respondeu as perguntas feitas pelos parlamentares, ainda que afirmando não ter informações a respeito.

O depoimento com o ex-membro do governo Lula 3 teve início pouco antes das 16h, com 40 minutos de perguntas feitas pelo relator Ricardo Salles (PL-SP). Antes de iniciar os questionamentos, o parlamentar pediu que G. Dias contasse parte da sua história e como chegou ao cargo no GSI. Em breve relato, ele citou como chegou ao Exército e momentos dos 44 anos que serviu, lembrando quando foi designado pela instituição, de 2003 a 2010, para cuidar da segurança do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  “Sinto satisfação de ter aproveitado esses 44 anos, ter contribuído para o desenvolvido do país, para o desenvolvimento dos meus filhos e da minha família”, disse o militar. Na sequência, Salles questionou se o ex-ministro considerava que “o movimento de 64 foi negativo ou positivo”, dando início a um bate-boca com a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e outros governistas.

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