Guerra na Ucrânia, discriminação racial e questões climáticas pautam reunião entre Lula e Biden

Encontro entre presidentes de Brasil e Estados Unidos também foi marcado por sinalização de que o governo norte-americano pode doar recursos ao Fundo Amazônia; valor do aporte inicial seria de US$ 50 milhões

  • Por Jovem Pan
  • 11/02/2023 06h52 - Atualizado em 11/02/2023 11h55
Flickr/Palácio do Planalto/Ricardo Stuckert/PR Lula Biden Presidente Lula se reuniu com o mandatário norte-americano, Joe Biden

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na última sexta-feira, 10, com o mandatário norte-americano, Joe Biden, em uma reunião que resultou na discussão de diversas pautas que ambos os governos apoiam. Em determinado momento, o petista conversou com seu homólogo e enfatizou a importância do Brasil no cenário político internacional após suposto “isolamento” do país como política de exterior do governo de Jair Bolsonaro (PL). “O Brasil passou quatro anos se automarginalizando, com um presidente que não gostava de manter relações com nenhum país, que menosprezava as relações internacionais. O mundo dele começava e terminava com fake news”, emendou o chefe do Executivo brasileiro. Lula também aproveitou para agradecer Biden pelo rápido reconhecimento de sua vitória nas eleições de 2022 e relembrou que ambos tiveram que lidar com depredamentos de prédios públicos, numa referência ao ataque ao Capitólio realizado pelos apoiadores do ex-presidente Donald Trump. “Nós agora temos alguns problemas que devemos enfrentar juntos, para nunca mais permitir que haja uma nova invasão do Capitólio nos Estados Unidos [em 6 de janeiro de 2021], e que nunca mais aconteça o que vimos recentemente no Brasil, a invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal [em 8 de janeiro passado]”, pontuou. O líder brasileiro também rechaçou enviar munições para o governo da Ucrânia em meio ao conflito no leste europeu com a Rússia. No entendimento de Lula, “o Brasil não tem contencioso com ninguém. Somos um país em que o povo gosta de paz, de democracia, de trabalhar, de carnaval, de samba e de muita alegria. Esse é o Brasil que queremos recolocar no mundo”.

Ponto abordado durante o encontro entre os líderes mundiais, a desigualdade e a descriminação também foi posto como motivo de preocupação pelo petista. Lula enalteceu as políticas de redistribuição de renda e pontuou que erradicar a fome é o principal objetivo de seu terceiro mandato à frente da presidência. O mandatário aproveitou para pontuar que, além dos Estados Unidos, o Brasil também enfrenta grave questão racial. “Os jovens negros da periferia muitas vezes são vítimas da incapacidade do Estado, porque a violência que existe na periferia é a ausência de um Estado com políticas públicas para garantir sonhos à juventude”, afirmou. O comandante do Planalto também destacou as políticas de combate à crise climática como uma de suas principais bandeiras e defendeu uma iniciativa global que possa ampliar a proteção à Amazônia como o bioma mais importante do mundo. “Nós temos um compromisso desde 2009, em Copenhague, quando participei da COP15, em que assumimos o compromisso de reduzir desmatamento em 80% e as emissões dos gases do efeito estufa em 39%, e nós cumprimos isso. Segundo Lula, a luta pela questão ambiental “não é um programa de governo, é um compromisso de fé, de alguém que acredita no humanismo, na solidariedade, na fraternidade”. Biden sinalizou com uma entrada no Fundo Amazônia e especula-se que o aporte inicial que a Casa Branca realizará para que o Brasil possa utilizá-lo em proteção de sua floresta seja de US$ 50 milhões.

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