JP Ponto Final debate o aumento da conta de luz
Brasil registra recorde na produção de energia, que deve gerar um excedente de quase 100GW em 2027; mesmo assim, tarifa de energia vai bater nova alta este ano
O programa JP Ponto Final do último sábado, Claudio Dantas, diretor em Brasília, recebeu nos estúdios da Jovem Pan na capital federal o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira; e o presidente do Instituto Nacional De Energia Limpa (Inel), Heber Galarce. O tema da conversa foi o aumento constante da conta de luz, apesar da super oferta de energia, turbinada pelas fontes eólica e solar. Conforme projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), este ano o consumidor deve pagar em média 5,6% a mais, ou seja, bem acima da inflação de 3,81%. Ao mesmo tempo, segundo relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico, o país teve um excedente de 38GW em 2023 e deve chegar em 2027 com uma oferta recorde de 281 GW, o suficiente para abastecer o Brasil e quase toda a América Latina.
Segundo Madureira, o Brasil possui uma série de fontes de energia com preços cada vez menores, mas que aumentam no momento do repasse ao consumidor. “Nós temos uma equação que não está fechando”, apontou o presidente da Abradee. Para ele, entre as razões do desequilíbrio, estão os subsídios ao setor de energia renovável, que já se expandiu e não precisaria de mais incentivos. Ele também explicou que, no mercado regulado, a Aneel faz uma cesta de preços com todas as fontes, inclusive as mais caras, devido à necessidade de cumprimento dos contratos de venda de energia. “Nesse leilão o que determina se vai ter uma energia térmica, ou energia solar, ou eólica é a necessidade que o sistema tem para isso, e, por isso, em alguns momentos as distribuidoras podem comprar uma quantidade muito maior de térmicas, que tem o preço mais elevado mas que são necessários para o suporte do sistema, do que uma energia de origem eólica ou solar, que tem preços menores”, afirmou
“Muitas ações que estão sendo colocadas para incentivar ou segmentos do mercado ou algumas fontes de energia trazem subsídios, ou seja, para que esses possam manter o seu negócio é dado a eles um preço menor que pagam pela energia elétrica, no caso de um consumidor; ou então algum desconto que é dado por alguma fonte de energia, para que ele possa não pagar uma parcela do uso do sistema elétrico, tudo isso termina encarecendo a conta final do consumidor”, diz o presidente da Abradee. Em relação à geração distribuída, o presidente do INEL defendeu a discussão a fim de promover a energia limpa e mais barata para toda a sociedade, e afirmou que as críticas ao modelo são resultado de uma “guerra de atributos”. “Eu escuto muito a Abradee, como instituição representando as distribuidoras, se queixar e dizer que a geração distribuída penaliza os demais. O que é a geração distribuída no final do dia? É um cidadão que com o seu próprio recurso, com o seu próprio financiamento, cansado das altas históricas de energia, ele pega e adquire o seu próprio equipamento de geração de energia”, disse.
“Então, o que está sendo colocado hoje é uma guerra de atributos, quem faz energia própria alça mão do seu próprio recurso, alivia a rede, essa energia que ele produz é limpa, e se você olhar de uma maneira geral, você está gerando energia limpa, solar e obviamente questionando a necessidade de contratação de térmicas, por exemplo.” disse Galarce.
Confira abaixo a íntegra do Programa Jovem Pan Ponto Final:
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