Lira só pautará PL dos jogos de azar quando tiver votos para aprovação, dizem aliados

Presidente da Câmara pretende pautar projeto ainda em fevereiro; bancada evangélica se opõe ao texto e pede veto de Bolsonaro

  • Por André Siqueira
  • 07/02/2022 15h36 - Atualizado em 07/02/2022 15h39
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MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente da Câmara, Arthur Lira, usa máscara branca, terno preto e camisa branca Com volta dos trabalhos remotos, deputados esperam que proposta não seja votada antes do Carnaval

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), só deve pautar o projeto de lei que legaliza os jogos de azar no Brasil quando tiver os votos necessários para aprová-lo. A avaliação foi feita à Jovem Pan por dois integrantes da cúpula da Casa. O parlamentar do Centrão pretende pautar a matéria em breve, mas enfrenta resistência de parte dos deputados, em especial, da bancada evangélica, segmento que apoia o presidente Jair Bolsonaro no Legislativo.

Como não há consenso para a aprovação do texto, a bancada evangélica espera que Lira não paute a proposta antes do Carnaval. Com o avanço da variante ômicron do coronavírus, a Câmara dos Deputados voltou a adotar o trabalho remoto. À Jovem Pan, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, disse contar o “bom senso” do presidente da Casa sobre o assunto. “Eu espero que o presidente Arthur Lira use o bom senso de sempre, que lhe é peculiar, e não vote nenhuma matéria polêmica antes do Carnaval, que é o período no qual trabalharemos remotamente. Fizemos um acordo de procedimento, no sentido de que só votaríamos remotamente as matérias consensuadas, ou muito próximas disso, o que não é o caso dessa matéria. É uma matéria polêmica e acredito que Lira não fará esta votação de forma remota, só fará quando voltarmos para os trabalhos presenciais”.

O PL dos jogos de azar, relatado pelo deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), não é consenso sequer entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Vice-líder do PSL, maior bancada da Câmara e partido pelo qual o mandatário do país se elegeu em 2018, o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) é a favor da matéria e torce por sua aprovação. “Acredito que será aprovado. O argumento de quem é contra é que vai aumentar pedofilia e estupro. Com fracos argumentos os indecisos viram que só dois países na América Latina não têm jogos legalizados: Cuba e Brasil. Teremos milhares de empregos gerados, bilhões arrecadados em impostos e o turismo impulsionado. Só no jogo do bicho deveremos legalizar cerca de 450.000 empregos. Existem mais de 450 sites de jogos on-line, com os quais o Brasil arrecada nada e os brasileiros continuam jogando. Vamos aprovar para o desenvolvimento do Brasil”, disse Nunes à reportagem.

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), correligionário de Bolsonaro, vai na direção contrária. Integrante da bancada evangélica, o parlamentar disse à Jovem Pan que ouviu do presidente da República a promessa de que o texto será vetado em caso de aprovação. “A minha posição sempre foi contrária à legalização dos jogos de azar e continua a mesma, sou visceralmente contra, e por ser princípio não mudará jamais. Falar em arrecadação tributária? Chega a ser patético, um argumento de lobistas que visam apenas lucro e se esquecem do prejuízo social que é praticamente irreversível”, afirmou. “Não posso falar pela bancada [evangélica] num todo, mas sinto que majoritariamente o sentimento é contrário à aprovação da jogatina. Trabalharemos unidos e com a disposição de zagueiros numa final de campeonato defendendo o seu time. Não aos jogos de azar. E o melhor de tudo, tenho a palavra do presidente Bolsonaro que caso o PL seja aprovado, ele irá veta-lo”, acrescentou em mensagem enviada à reportagem.

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