Moro é intimado pela PF para depor sobre atos antidemocráticos

Ex-ministro vai falar na condição de testemunha do caso porque ocupava o Ministério da Justiça e Segurança Pública quando os atos ocorreram

  • 18/09/2020 18h35
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Cleia Viana/Câmara dos Deputados - 24/04/2020 Ex-ministro da Justiça em audiência na Câmara dos Deputados O depoimento de Moro deve ocorrer no dia 2 de outubro, às 13h, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro foi intimado nesta sexta-feira, 18, a depor à Polícia Federal como testemunha do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do financiamento e da organização dos atos antidemocráticos. Segundo o advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, a defesa já recebeu a intimação e que a oitiva se dá em razão dele ter ocupado o ministério na época dos fatos solicitados. O depoimento deve ocorrer no dia 2 de outubro, às 13h, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, de acordo com a informação divulgada por Rios. O pedido partiu da Polícia Federal, que também solicitou oitivas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filhos do presidente Jair Bolsonaro.

O inquérito tramita em sigilo no Supremo e já fechou o cerco sobre deputados, youtubers e influenciadores bolsonaristas. No último dia 10, Carlos prestou depoimento no caso e disse que nunca utilizou verba pública para manter perfis em redes sociais e que não é “covarde ou canalha” para contratar “robôs” para difundir conteúdo e omitir essa informação, em referência a programas que criam perfis falsos e compartilham postagem de forma automatizada. Em junho, o relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam a “real possibilidade” de atuação de associação criminosa voltada para a “desestabilização do regime democrático” com o objetivo de obter ganhos econômicos e políticos. A observação consta em decisão de quebra de sigilo decretada pelo ministro no inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos.

“Os indícios apresentados na manifestação apresentada pela Procuradoria-Geral da República confirmam a real possibilidade de existência de uma associação criminosa”, escreveu Moraes, em decisão que autorizou buscas e apreensões contra apoiadores do governo. O sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas, já foi quebrado no caso. Carlos e Eduardo não foram alvos dessas medidas. Moraes é responsável por um outro inquérito, que se debruça sobre ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes do STF e seus familiares. Como Moraes é relator dos dois processos, um inquérito está subsidiando as investigações do outro.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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