No STF, Gilmar Mendes critica André Mendonça: ‘Não tentemos enganar ninguém’
Advogado-geral da União defendeu abertura de igrejas sob argumento de que transporte público continua lotado; ‘Era ministro da Justiça até recentemente, com responsabilidades de propor medidas’, afirmou Mendes
Primeiro a votar na sessão desta quarta-feira, 7, do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa se prefeitos e governadores têm autonomia para proibir a presença de público em cultos e missas, o ministro Gilmar Mendes criticou o advogado-geral da União, André Mendonça, que defendeu a reabertura dos templos religiosos sob o argumento de que os transportes públicos e os voos aéreos continuam lotados. “Eu poderia ter entendido que Sua Excelência teria vindo de uma viagem a Marte e estava descolado de qualquer responsabilidade institucional de qualquer assunto no Brasil”, disse Mendes.
“Quando a sua Excelência fala dos problemas dos transportes no Brasil, especialemnte do transporte coletivo, e fala do problema do transporte aéreo, com a acumulação de pessoas, eu poderia ter entendido que sua Excelência teria vindo agora para a tribuna do Supremo de uma viagem a Marte, descolado de qualquer responsabilidade institucional, com qualquer assunto no Brasil. Mas sua Excelência, fui verificar aqui, ‘googlar’, como dizem os mais jovens, e verifiquei aqui que ele era ministro da Justiça até recentemente, com responsabilidades institucionais, inclusive, de propor medidas. À União cabe legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes. Sobre trânsito e transporte. Me parece que está havendo um certo delírio nesse contexto geral. É preciso que cada um de nós assuma a sua responsabilidade. Isso precisa ficar muito claro. Não tentemos enganar ninguém. Até porque os bobos ficaram fora da Corte”, afirmou o ministro.
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