Plínio Valério visita indígenas do Chapadão dos Parecis e defende que modelo agrícola seja replicado em outras comunidades
Presidente da CPI das ONGs e outros membros do colegiado visitaram comunidade de Mato Grosso na última quinta-feira; senador do PSDB se entusiasmou com práticas da etnia Haliti-Paresi: ‘Tira da mendicância e das bolsas do governo’
Senadores da CPI das ONGs visitaram a comunidade Haliti-Paresi, em Campo Novo dos Parecis, no Mato Grosso. A comunidade possui um projeto agrícola sustentável desenvolvido, no qual estima a produção de 100 milhões de toneladas de soja, milho e feijão por ano em apenas 1,3% num total de 1 milhão de hectares de terras demarcadas. O senador Plínio Valério (PSDB-AM), que preside a comissão, afirmou que a comunidade indígena representa o “lado que dá certo” e defende que as lideranças da comunidade Haliti-Paresi façam uma espécie de intercâmbio com lideranças indígenas do Amazonas, Acre, Roraima e outros Estados onde estão sob a tutela de ONGs. Ele avaliou que o projeto “tira os indígenas da mendicância e das bolsas do governo”.
“Esses indígenas representam o lado que dá certo. Vamos colocá-los em contato com os nossos irmãos do Amazonas que também podem prosperar. Que essa diligência da CPI das ONGs sirva para espalhar esses conhecimentos e bom exemplo das comunidades do Chapadão dos Parecis para nossas lideranças indígenas do Amazonas e de todo território nacional dominados pelas perversas ONGs que recebem milhões para mantê-los no que eles próprios chamam de horto humano. Estou impactado com o sucesso desse empreendimento agrícola que tira os indígenas da mendicância e das bolsas do governo. Tenho certeza que vão muito mais longe espalhando esse bom exemplo”, disse. Segundo Genilson André Kezomae, liderança indígena local, parte da produção está sendo exportada. “Queríamos que o Senado viesse aqui para escutar a voz da nossa associação, das cooperativas e das lideranças, com paz e harmonia, que é o ensinamento dos nossos velhos Parecis.”
Presidente da Cooperativa Coopirahama, Arnaldo Zunizakae relatou dificuldades gerada pela cobrança de impostos. A comunidade, segundo ele, é alvo de multas pesadas e falta de linha de crédito, além do medo de empresas compradoras sofrerem embargos por se tratar de produtos de terra indígena. Outra pedra no caminho é o fato de esses indígenas conseguirem plantar transgênicos por não ser permitido — cultivam grão convencional, o que gera uma despesa maior. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou parcialmente o PL do marco temporal de terras indígenas. De acordo com o ministro de Relações Exteriores, Alexandre Padilha, o presidente manteve pontos em acordo com a Constituição, mas não acatou os artigos que limitavam até 5 de outubro de 1988 a reivindicação de áreas por povos indígenas. “O presidente Lula decidiu por vetar o marco temporal respeitando integralmente a Constituição brasileira. Sobram alguns artigos que tem coerência com a política indigenista brasileira”, disse. Por isso, os líderes indígenas pediram ajuda dos senadores. “Queremos permanecer na terra com dignidade. Vamos trabalhar para que os indígenas possam trabalhar usando suas terras. Isso aqui não vai parar. Vamos conseguir trabalhar dentro da legalidade. Não conseguimos mais viver sem a questão econômica. A nossa festa e rituais são na riqueza, na colheita”, apelou Arnaldo Zunizakae
“A autonomia do índio significa problema para aquelas que nos querem na miséria. Nos podemos plantar, nos podemos usar a terra. A lei está aí. Só não temos condições de crédito, licenciamento ambiental. Estamos desde 2013 com processos no Ibama”, completou Arnaldo. “São aqueles que podem trabalhar, gerar renda e possuem liberdade para plantar, colher e vender sua produção. Diferentemente de indígenas de outras etnias, que expuseram na CPI dificuldades para gerar renda, amarras impostas por ONGs e órgãos ambientais, eles são um exemplo de que é possível conciliar preservação e produção e ter autonomia”, ressalta Valério.
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