Polícia Federal aponta mais de 300 envios de Bolsonaro pelo WhatsApp para burlar ordem do STF

Ex-presidente teria usado celulares de terceiros para difundir vídeos políticos; defesa afirma ter recebido indiciamento com surpresa e diz que medidas cautelares foram cumpridas

  • Por da Redação
  • 21/08/2025 11h31 - Atualizado em 21/08/2025 11h33
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Wilton Júnior/Estadão Conteúdo Cumprindo prisão domiciliar há pouco menos de duas semanas, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (c) deixa o Hospital DF Star, em Brasília (DF Julgamento de Bolsonaro e outros sete acusados, considerados parte do núcleo central da suposta trama golpista, está marcado para o dia 2

A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) encaminhou, por meio do WhatsApp, mais de 300 vídeos e mensagens após ser proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de usar redes sociais. O relatório final, entregue ao Supremo, resultou no indiciamento de Bolsonaro e do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo os investigadores, o réu utilizava celulares de terceiros para continuar divulgando conteúdos políticos e mensagens críticas ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelas decisões que restringiram sua comunicação.

Entre os materiais compartilhados estavam convocações para manifestações, vídeos em defesa do ex-presidente e falas de autoridades estrangeiras, incluindo Donald Trump. O relatório aponta que a atuação de Bolsonaro reproduzia o modus operandi das chamadas “milícias digitais”: difusão em larga escala, por múltiplos canais e com a participação de figuras públicas para dar credibilidade às mensagens. Parte dos encaminhamentos teria ocorrido com orientação do pastor Silas Malafaia, investigado por suposta liderança nas ações do grupo. Ele nega irregularidades, mas está sujeito a medidas cautelares como retenção do passaporte e proibição de contato com outros investigados.

A PF também destacou episódios específicos. Em um deles, o deputado Capitão Alden (PL-BA) pediu a Bolsonaro que enviasse áudio a manifestantes em Salvador. Inicialmente relutante, o ex-presidente acabou participando de uma ligação que, em seguida, foi transformada em vídeo e compartilhada em redes de apoiadores. O episódio foi considerado pela Justiça uma afronta direta às medidas impostas e levou à decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro, em 4 de agosto.

Além do uso de mensagens digitais, o relatório apontou possíveis tentativas de obstrução de investigação. A corporação afirma que Bolsonaro omitiu transferências financeiras ao filho Eduardo e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, movimentações que teriam ocorrido em datas próximas a depoimentos prestados à PF. Para os investigadores, os repasses podem indicar estratégia para reduzir risco de bloqueio judicial.

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A defesa do ex-presidente afirmou ter recebido com surpresa a decisão de indiciamento, negou que ele tenha descumprido medidas cautelares e disse que os pontos levantados serão devidamente esclarecidos no prazo estabelecido pelo relator do caso. O julgamento de Bolsonaro e outros sete acusados, considerados parte do núcleo central da suposta trama golpista investigada, está marcado para 2 de setembro no STF.

Publciado por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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