Polícia Federal indicia Bolsonaro por fraude em certificados de vacinação

Grupo é suspeito de inserir dados falsos no sistema do Ministério da Saúde para burlar restrições sanitárias; posição da PF diverge do parecer da Procuradoria-Geral da República, que não viu indícios de participação do ex-presidente

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2024 09h05 - Atualizado em 19/03/2024 09h10
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Jair Bolsonaro (PL), durante cerimônia do Dia do Soldado no QG do Exército, em Brasília (DF Jair Bolsonaro é suspeito de adulterar cartão de vacinação contra a Covid-19

A Polícia Federal concluiu suas investigações e indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. O inquérito envolve uma suspeita de fraude em certificados de vacinação contra a Covid-19, que inclui parentes do ex-presidente, como sua filha de 12 anos, Laura Bolsonaro. Durante a operação, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na residência da família e houve prisão de ex-funcionários, como Cid. As inserções de informações falsas nos sistemas do Ministério da Saúde, ocorridas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, resultaram na distorção da realidade sobre a imunização contra a Covid-19 dos envolvidos. Isso possibilitou a obtenção de certificados de vacinação para contornar as restrições sanitárias, visando evitar a propagação da doença.

Segundo a PF, o grupo tinha como objetivo manter uma posição ideológica contrária à vacinação contra a Covid-19. Essas ações estão sob investigação no âmbito do inquérito das “milícias digitais”, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes, responsável pela autorização da operação, afirmou que o ex-ajudante de ordens agiu com o conhecimento de Bolsonaro. Moraes considerou plausível a linha de investigação que sugere que o ex-presidente, de forma velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas de saúde, buscou vantagens a partir da imunização. Esta posição diverge do parecer da Procuradoria-Geral da República, que não encontrou indícios do envolvimento direto de Bolsonaro nos crimes investigados.

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Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal em maio do ano passado e negou ter ordenado qualquer alteração em seus registros de vacinação. A defesa de Mauro Cid afirmou que só se manifestará após ter acesso ao relatório final da investigação. Quanto a Gutemberg Reis, ele negou qualquer fraude em seu cartão de vacinação, explicando que enfrentou problemas no sistema Conecte SUS, os quais foram corrigidos durante viagem à China em que integrou a comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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