Polícia Federal investiga desvios em obra na Paraíba, paga com emenda de candidato à sucessão de Lira

A assessoria do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) esclareceu que ele não está sendo investigado, tampouco é considerado suspeito no caso

  • Por da Redação
  • 12/09/2024 16h37
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Alex Ferreira / Câmara dos Deputados Alex Ferreira / Câmara dos Deputados Hugo Motta ganhou força na disputa pelo comando da Casa após o deputado Marcos Pereira (SP) desistir da candidatura

A Polícia Federal realizou uma operação com o objetivo de investigar possíveis irregularidades em uma obra de R$ 5 milhões localizada em Patos, na Paraíba, nesta quinta-feira (12). A obra teria sido custeada por emenda indicada pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). A assessoria do parlamentar esclareceu que ele não está sendo investigado, tampouco é considerado suspeito no caso. Hugo é filho do prefeito de Patos, Nabor Wanderley Filho, e candidato a suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados.

A Polícia Federal informou, por meio de nota, que a operação foi realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e a CGU (Controladoria-Geral da União). Se as suspeitas forem comprovadas, os investigados poderão responder por crimes como frustração do caráter competitivo, pagamento irregular em contrato administrativo, peculato, crimes tributários e lavagem de capitais.

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O contrato de R$ 4,2 milhões para obra de restauração de avenidas e ruas do município foi assinado em 2021 entre a prefeitura de Patos e a empresa Cesarino Construções. O valor dos serviços alcançou R$ 5,07 milhões após aditivo contratual. A investigação aponta que a construtora apresentou um desconto para vencer a disputa pelo contrato e, mais tarde, utilizou aditivos para aumentar o valor da obra e desviar recursos.

O recurso para a obra foi indicado em 2020 por Motta por meio de emendas do relator, modalidade de repasse que seria declarada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal) dois anos mais tarde. A verba foi usada em convênio assinado entre o Ministério do Desenvolvimento Regional e a prefeitura de Patos. O candidato à sucessão de Lira indicou ao menos R$ 45 milhões deste tipo de emenda entre 2020 a 2022 para a cidade que tem o pai como prefeito e já foi comandada pelos avós do deputado.

Nabor já havia sido prefeito de 2005 a 2012. Nos quatro anos seguintes, a cidade foi comandada pela avó materna do candidato a presidente da Câmara, Francisca Motta, atual deputada estadual. Pai do atual prefeito e avô paterno de Hugo Motta, Nabor Wanderley também foi chefe do Executivo local na década de 1950, quando sucedeu o próprio irmão. Já o avô materno de Motta foi eleito deputado federal e estadual em diversos mandatos

Nas últimas décadas, a família de Motta ocupou o poder municipal em mais de uma ocasião. Parte das disputas a prefeito se deu contra nomes de outro ramo da família Wanderley (o nome completo do deputado é Hugo Motta Wanderley da Nóbrega). Líder do Republicanos na Câmara dos Deputados, Motta ganhou força na disputa pelo comando da Casa após o presidente do seu partido, deputado Marcos Pereira (SP), desistir de sua candidatura. De acordo com a PF, a Justiça Federal ainda autorizou “sequestro de bens móveis e imóveis pertencentes aos investigados, no valor de R$ 269.108,21, referente ao superfaturamento identificado”.

*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicado por Carolina Ferreira

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