PT questiona candidatos a prefeito que não usam campanha para defender Lula

Estratégia de lançar o maior número de concorrentes possível nas grandes cidades foi uma ordem do ex-presidente para tentar reabilitar o partido depois da Lava Jato; o alvo é 2022

  • Por Jovem Pan
  • 23/10/2020 21h47 - Atualizado em 23/10/2020 21h55
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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO lula PT quer que candidatos usem seu tempo na TV no dia 27, aniversário de Lula, para defendê-lo de acusações criminais

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) vai questionar os candidatos a prefeitos de capitais que não estão cumprindo a decisão partidária de usar as campanhas para fazer a defesa do PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do embate com o governo Jair Bolsonaro. O partido tem enfrentado resistência de alguns candidatos que se recusam a nacionalizar as campanhas municipais.  A dificuldade foi exposta pelo coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) da sigla, deputado José Guimarães (CE), em reunião com a direção do partido nesta semana. Segundo dirigentes, uma subcomissão do GTE encabeçada por Guimarães e pela presidente Gleisi Hoffmann vai procurar as campanhas nas capitais para cobrar a nacionalização.

“Existe uma subcomissão do GTE que tem se reunido com os candidatos das capitais discutindo a importância de levar para os programas o legado do PT, de fazer o enfrentamento com o governo Bolsonaro, fazer a defesa do presidente Lula e informar à população brasileira o estado real da crise pela qual estamos passando”, disse a secretária nacional de Finanças do PT, Gleide Andrade. De acordo com ela, algumas campanhas como a de Nilmário Miranda em Belo Horizonte já se reposicionaram. Gleide citou como exemplo de campanhas que desde o início estão “indo para cima” de Bolsonaro: as de Márcio Macedo, em Aracaju, e Jilmar Tatto, em São Paulo. Tanto os dois quanto Nilmário ocupam posições intermediárias nas pesquisas de opinião, com poucas chances de vitória.

Entre as campanhas que são alvo de reclamação está a de João Coser, em Vitória. Com boas chances de ser eleito, Coser não tem dado destaque à cor vermelha do PT nem usado a imagem de Lula. A estratégia de lançar o maior número de candidatos possível nas grandes cidades brasileiras foi uma ordem de Lula. O objetivo é usar o tempo na TV dos candidatos para tentar reabilitar o partido depois da série de reveses iniciada com a Lava Jato, impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a prisão de Lula. O alvo é 2022. Segundo aliados, a estratégia ajudou a pulverizar as candidaturas e diminuir a força da esquerda nas eleições deste ano.

Esta não é única iniciativa do PT para fazer com seus candidatos nacionalizem a eleição municipal. Na terça-feira, Gleisi e o secretário de Comunicação, Markus Sokol, enviaram um comunicado a todas as instâncias partidárias pedindo que no dia 27, aniversário de Lula, os candidatos do partido usem seus horários na TV para defender a anulação das condenações contra o ex-presidente nos casos do sítio em Atibaia e do triplex no Guarujá. O juiz da Lava Jato do Paraná, Luiz Antonio Bonat, aceitou hoje a denúncia contra Lula, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e mais dois investigados, Hilberto da Silva Filho e Alexandrino Alencar, por lavagem de dinheiro no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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