Maia nega possibilidade de prorrogar ‘estado de calamidade’ por três meses
Presidente da Câmara lembrou da ‘pouca gordura’ que o orçamento primário brasileiro tem hoje; calamidade pública termina no mês de dezembro
O presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste sábado, 17, que a possibilidade de prorrogação do estado de calamidade, decretado durante a pandemia do novo coronavírus, por mais três meses “não existe”. Segundo ele, isso significaria a prorrogação, também por mais três meses, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, o que “seria uma sinalização muito ruim quanto à âncora fiscal” do Brasil. A princípio, o estado de calamidade pública terminará no fim de dezembro de 2020.
No Congresso, no entanto, há articulações para que ele abarque mais três meses, o que abriria espaço para que benefícios ligados à PEC de Guerra também durem para além de 2020. Ao avaliar a questão, Maia lembrou que o orçamento primário brasileiro tem hoje “pouca gordura”, o que afeta a capacidade do governo de manter o auxílio emergencial — lançado durante a pandemia — por mais tempo. De acordo com o presidente da Câmara, há quem avalie que é possível “empurrar” mais o auxílio para o próximo ano, sem que haja problemas. Maia, no entanto, vê a questão de outra forma.
“A estrutura criada para enfrentar a pandemia tem data para acabar, em dezembro de 2020”, disse. “Se houver mudança, vai afetar muito mais a vida dos brasileiros”, pontuou o presidente da Câmara, que participa, na manhã deste sábado, de evento virtual da XP Investimentos. O presidente da Câmara lembrou ainda que os mandatários de cargos públicos “estão eleitos para construir soluções”. “E se as soluções fossem simples, não precisava de representantes”, comentou. Maia citou a possibilidade de se criar um programa de renda mínima, como deseja o governo de Jair Bolsonaro, por meio da redução de incentivos fiscais. Ele reconheceu, porém, que isso “não é nada fácil, infelizmente”.
O presidente da Câmara também afirmou que os debates em relação à chamada PEC Emergencial não podem estar ligados ao novo programa de renda. “Falhamos um pouco na redação da PEC, porque gatilhos são acionados depois do caldo entornado”, disse, em referência a mecanismos a serem acionados quando o teto de gastos for colocado em risco. “A regulamentação do teto de gastos, através da PEC Emergencial, tem peso maior.” Maia afirmou ainda que, a partir de 2023, o Brasil “talvez” tenha um “impacto melhor” da reforma da Previdência sobre suas contas públicas.
*Com informações da Agência Estado
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