Saiba tudo sobre viagem de Bolsonaro à Rússia em meio a tensão geopolítica

Presidente brasileiro não deve discutir situação da Ucrânia com Putin, e sim assuntos relativos à agricultura, defesa e energia

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2022 20h22
  • BlueSky
EFE Jair Bolsonaro e Vladimir Putin Brics Bolsonaro e Putin já se encontraram em eventos de órgãos internacionais, mas essa será a primeira visita oficial de um mandatário ao país do outro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) inicia uma viagem à Rússia nesta segunda, 14, em meio a um momento geopolítico tenso. As pautas do mandatário brasileiro ao se encontrar com Vladimir Putin, no entanto, não devem passar pela concentração de tropas na fronteira com a Ucrânia, que Estados Unidos e países europeus temem que pode ser a preparação para uma invasão. Bolsonaro deve debater, principalmente, assuntos ligados à produção de fertilizantes para a agricultura e temas de energia e defesa, conforme ele mesmo revelou no sábado, 12, nas redes sociais. “Fui convidado pelo presidente Putin. O Brasil depende de fertilizantes da Rússia e da Bielorrússia. Levaremos um grupo de ministros também para tratarmos de outros assuntos que interessam ao nosso país, energia, defesa e agricultura”, afirmou.

A agenda divulgada pelo governo prevê que Bolsonaro embarque na tarde desta segunda, 14, e chegue a Moscou na tarde de terça, 15, dia em que não terá compromissos oficiais. Na quarta, 16, Bolsonaro se reunirá com Putin pela manhã e, na sequência, terá um almoço com o presidente russo na sede do governo. À tarde, o mandatário brasileiro terá um encontro com o presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo e, logo depois, participará de uma reunião entre empresários brasileiros e russos de áreas como fertilizantes, gás natural, defesa e energia nuclear. No dia seguinte, Bolsonaro já embarca para Budapeste, capital da Hungria, país governado pelo conservador Viktor Orbán. O presidente húngaro é considerado uma referência pelos movimentos de direita nacionalista. Bolsonaro deve ficar na Hungria até o dia 19, e então voltar ao Brasil – ele tinha a intenção de visitar a Polônia, governada pelo também conservador Andrzej Duda, mas a viagem não será realizada.

Para que a visita de Bolsonaro ocorra sem problemas, ele terá que ser testado para a Covid-19, assim como os ministros que o acompanharem. Há a previsão de que viagem os titulares das pastas de Relações Exteriores, Carlos França, da Defesa, Braga Netto e da Justiça, Anderson França. A ministra Tereza Cristina, da Agricultura, também deve fazer parte da comitiva se testar negativo para o coronavírus – ela teve um teste positivo na última terça, 8. Por outro lado, o secretário especial da Comunicação, Mario Frias, teve sua participação cancelada por causa da suspeita de superfaturamento em uma viagem a Nova York em dezembro de 2021.

TENSÃO

A viagem do presidente brasileiro será realizada enquanto existe a possibilidade de um conflito entre Rússia e Ucrânia começar nos próximos dias. Moscou concentra tropas na fronteira, com cerca de 100 mil soldados estacionados no local.Putin deseja obter uma promessa de que a Ucrânia nunca se juntará à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar criada ainda durante a Guerra Fria que os russos veem como uma ameaça que estaria se aproximando de suas fronteiras. Além disso, a Rússia considera a Ucrânia como sua zona de influência natural pelos laços culturais e históricos entre os dois países, assim como os Estados Unidos veem o continente americano.

Por outro lado, nem Estados Unidos nem qualquer potência europeia demonstram vontade de ceder à exigência russa. Embora não pense em deslocar tropas diretamente para o território ucraniano, Biden alertou que haverá severas consequências para a Rússia, com a aplicação de sanções que prejudicariam gravemente a economia russa. A Alemanha, que depende do fornecimento de gás russo, também prometeu sanções, e o Reino Unido enviou armamentos e instrutores militares para a Ucrânia. No entanto, os países europeus procuram evitar uma guerra porque sabem que suas economias também sofreriam e possivelmente teriam que lidar com uma nova crise de refugiados. O presidente da França, Emmanuel Macron, se encontrou com Putin na terça, 8, e disse ter ouvido a promessa de que não haverá uma escalada.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.